Brasil

Governo de São Paulo prorroga quarentena até o fim de maio

''A decisão de prorrogar quarentena é uma decisão de salvar vidas'', disse o governador João Doria

Correio Braziliense
postado em 08/05/2020 13:08
Avenida Paulista vaziaO governador de São Paulo, João Doria (PSDB), acaba de anunciar a prorrogação da quarentena no estado até o dia 31 de maio. "A decisão de prorrogar quarentena é uma decisão pela vida", disse, pontuando que o cenário é "desolador" no estado. A reabertura gradual das atividades econômicas aconteceria na próxima terça-feira, dia 11 de maio.

O tucano citou que estudos recentes da Universidade de São Paulo (USP) apontam que as medidas de isolamento salvam 51 vidas todos os dias. "Adotar a quarentena não é uma tarefa fácil. Nenhum governante tem prazer em dar más notícias. Mas não se trata de ter ou não este sentimento. Trata-se de proteger vidas no momento mais difícil e crítico da história deste país", afirmou. 

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, explicou que a projeção hoje é de entre 90 mil e 100 mil casos de coronavírus no estado até o fim de maio. Hoje, a taxa de ocupação de leitos na região metropolitana de São Paulo é de 90%, enquanto no estado o número é de 70%. De acordo com ele, o governo tem trabalhado para ampliar a rede. "Daí a importância de não perdermos o controle da pandemia", disse. 

Covas informou que só será possível flexibilizar as medidas de isolamento quando o estado tiver dois indicadores: a redução sustentada do número de casos por 14 dias e uma taxa de ocupação de leitos de UTI inferior a 60%. O diretor frisou que os dois índices dependem da taxa de isolamento. "Quanto maior (o isolamento), mais rápido atingiremos esses dois índices", disse. 

O número incentivado pelo governo é de pelo menos 55%. Hoje, a taxa de isolamento no estado está entre 49% e 50%. Covas explicou que, no começo da pandemia, a cada pessoa com coronavírus no estado outras 3 eram contagiadas. Quando a taxa de afastamento social chegou a 55%, o número reduziu para uma pessoa. Se este número chegar a 70%, segundo ele, o estado teria uma taxa de contágio inferior a um, e com isso a curva de crescimento do vírus estabilizaria e começaria a cair.

Covas substitui o coordenador do Centro de Contingência do coronavírus, David Uip, que está afastado por questões de saúde. Ele se sentiu mal nesta semana, com alterações cardiológicas e clínicas, e teve orientação médica para que se afastasse. Uip teve coronavírus e se recuperou. 

O governador João Doria pontuou, ainda, que nenhum país conseguiu relaxar as medidas de isolamento social com a curva em alta. "Infelizmente, nas últimas semanas houve um  desrespeito à quarentena em São Paulo e em outras partes do Brasil e o número de casos aumentou dramaticamente", afirmou.  

De acordo com ele, no mês de abril houve um aumento de 3.300% no ritmo de crescimento dos casos em municípios do interior e litoral de São Paulo. Na região metropolitana da capital, o aumento foi de 770% em 30 dias. "Estamos atravessando o pior momento da pandemia. Só não reconhece aqueles que estão cegos pelo ódio ou pela ambição pessoal. Autorizar o relaxamento agora seria colocar em risco vidas, o sistema de saúde e a recuperação econômica", disse. 

Saiba Mais

Secretário de Saúde do estado, José Henrique Germann informou que houve um agravamento dos casos em São Paulo nos últimos 15 dias, quando se observou uma maior circulação de pessoas, com queda da taxa de isolamento. 

"Estamos prorrogando a quarentena, mas quero ressaltar que isso tem que estar acompanhada de uma melhora da nossa taxa de isolamento. Tem que estar entre 55% e 60%. Se não conseguirmos isso, teremos problema para o atendimento dos pacientes", afirmou.

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