Brasil

Pesquisa aponta que o Brasil tem mais de 1,6 milhão de casos de coronavírus

O número relativo ao dia 4 de maio é quase 14 vezes maior que o registro divulgado pelo Ministério da Saúde. Com estes números, o país fica no topo do ranking mundial, ultrapassando os 1,2 milhão de registros dos Estados Unidos. Pesquisa aponta o Brasil como líder mundial em coronavírus, com 1,6 milhão de casos

Correio Braziliense
postado em 08/05/2020 16:22
O número relativo ao dia 4 de maio é quase 14 vezes maior que o registro divulgado pelo Ministério da Saúde.
Com estes números, o país fica no topo do ranking mundial, ultrapassando os 1,2 milhão de registros dos Estados Unidos. 


Pesquisa aponta o Brasil como líder mundial em coronavírus, com 1,6 milhão de casosPesquisadores brasileiros apontam subnotificação extrema de casos de infecção pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) no país, com o total representando dez vezes mais do que o registrado: mais de 1,6 milhão, contra cerca de 150 mil reconhecidos oficialmente. De acordo com a estimativa, 526 mil desses episódios são no estado de São Paulo, epicentro da doença no território nacional. O número relativo ao dia 4 de maio, por exemplo, é 14 vezes maior que o registro oficial divulgado pelo Ministério da Saúde, de 32 mil contaminações. O estudo foi publicado nesta sexta-feira (8), no site COVID-19 Brasil, formado por mais de dez universidades brasileiras para monitorar a situação da pandemia por meio de técnicas de ciência de dados.

Com base na pesquisa, a contabilização desses casos ocultados das estatísticas pela subnotificação colocaria o Brasil como o país com maior número de infecções, ultrapassando os 1,2 milhão de registros dos Estados Unidos. 

De acordo com o coordenador do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da faculdade de medicina da USP, Domingos Alves, “existe uma grande subnotificação de casos”, pois as autoridades de saúde “estão testando só os casos graves, de pessoas que vão aos hospitais”. Para ele, o estudo é importante para revelar a verdadeira situação da doença no país. 

“A motivação deste estudo é, de alguma forma, contribuir para o planejamento da pandemia, pois com essa subnotificação tremenda só estamos vendo a ponta do iceberg”, afirmou.

O integrante do grupo de pesquisa da COVID-19 Brasil ressalta também que uma projeção mais realista permite que os governos dos estados tenham maior capacidade de planejar medidas e levantar recursos para combater a pandemia.
 
“Para se ter uma noção real da dimensão, o ideal seria fazer testes em massa. Como não temos testes disponíveis para todos, as estimativas podem servir de base para o gerenciamento de medidas de confinamento, necessidade de novos leitos e da abertura de hospitais de campanha”, aponta Domingos.
 
Pesquisa 
A metodologia utilizada pelos pesquisadores para estipular a real situação do novo coronavírus no Brasil se baseou nos dados epidemiológicos da Coreia do Sul. Eles ajustaram itens como a pirâmide etária, percentual de comorbidades e fatores de risco. A pesquisa também considerou a totalização de mortes do país.

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“Aparentemente, o número de óbitos é um prenunciador para o número de casos. Já se sabe que a taxa de letalidade em diferentes países é mais ou menos fixa: 5,8% do total de casos”, explicou o coordenador do LIS.

Em contrapartida, Domingos destaca que existe uma discrepância nos dados, já que “pessoas morrem com sintomas de COVID-19, mas permanecem como casos suspeitos” no registro oficial. 

“Essas pessoas que morreram não fizeram testes e, em muitas cidades, já está acontecendo de elas morrerem em casa, sem receberem nenhum atendimento. É a subnotificação das mortes. Trabalhamos com base apenas nas mortes confirmadas”, indica.

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