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Coronavírus: Minas e BH se destacam positivamente na quarentena

Dados revelam que o estado tem índice de variação de infecção pelo coronavírus, antes e depois do isolamento, 66% menor que a média do país; e que a transmissão na capital, em 40 dias de isolamento, foi 10 vezes mais lenta que na cidade de São Paulo

A transmissão do novo coronavírus (Sars-Cov-2) em Belo Horizonte e em Minas Gerais ocorreu em ritmo extremamente mais lento do que em São Paulo, Rio de Janeiro e suas capitais durante o período de quarentena (40 dias de afastamento social preventivo). Compilando dados das secretarias de Saúde e do Ministério da Saúde, a reportagem do Estado de Minas comparou a evolução de novos casos exclusivamente adquiridos dentro do período de distanciamento, que mostra que em BH, por exemplo, a transmissão nesse período, apesar de crescente, foi 10 vezes mais lenta do que na capital paulista. Em Minas Gerais, os dados mostram, no mesmo período, um volume de infecção de um terço do verificado no Brasil.

Para produzir esse comparativo, a reportagem utilizou uma metodologia orientada pela Sociedade Mineira de Infectologia, que leva em conta 40 dias corridos de isolamento, a partir dos cinco dias de início da transmissão da COVID-19 e das 72 horas necessárias para que o diagnóstico de novos casos sejam divulgados por laboratórios como a Fundação Oswaldo Cruz e a Fundação Ezequiel Dias.

Em Minas Gerais, os 40 dias de isolamento produziram média diária de 64 novos diagnósticos, contra 16 registros por dia do período anterior ao recolhimento social, quando o vírus ainda circulava bem menos. Já na capital mineira, a média passou de 10 casos antes do distanciamento para 19. Mas, ao se comparar esse ritmo com o de São Paulo, que de 104 casos novos passou a 963, ou do Rio de Janeiro, que foi de 43 a 327, percebe-se um salto exponencial nos estados vizinhos.

Antecipação Para o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano Silva, um dos principais motivos para o vírus circular menos em BH e em Minas Gerais que em outros estados e capitais se deve ao isolamento social, que foi praticado com antecipação e seguido com mais disciplina. “Só posso garantir que as cidades que se deram melhor, até o momento, foram as que praticaram o distanciamento social primeiro e onde a adesão da população foi maior.” 
  
Os números mostram um pouco como tem sido a quarentena nas alterosas. A segunda semana de afastamento social em Minas Gerais foi a que apresentou maior crescimento, de 42,2% sobre a primeira. Na sequência, o crescimento é tímido, de 2,1%, indicando uma estabilidade de diagnósticos de doentes. Da terceira semana para a quarta e da quarta para a quinta, são computadas mais sequências de crescimento, de 23,5% e 34,1%, respectivamente.

Em BH, o movimento foi diferente. O número de casos caiu 12,5% da segunda semana sobre a primeira, despencou mais 16,3% da terceira para a segunda semana, sofreu um aumento de 31,7%, que praticamente trouxe o ritmo de novos casos ao patamar da primeira semana, registrando nova derrubada da quarta para a quinta, da ordem de 9,2%. Os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro apresentaram as últimas semanas de quarentena com mais forte crescimento de casos, chegando a altas de 82,8% e de 106,6%, respectivamente. Na capital paulista, esse último período teve alta de 74,2% e na capital fluminense, de 38,3%.

Saiba Mais

O subsecretário municipal de Promoção e Vigilância à Saúde de BH, Fabiano Pimenta, avalia que um conjunto de ações possibilitou que a capital mineira se destacasse, desde a pulverização dos locais de vacinação contra a gripe, poupando os idosos de uma grande exposição, até o isolamento. “É bom destacar também algo importantíssimo que foi e tem de ser muito frisado que é a etiqueta da tosse, do espirro, do lavar a mão constantemente, se abster do aperto de mão, abraços e beijos”, destaca.

“Sem dúvida nenhuma, uma decisão importante foi o estímulo à não aglomeração de pessoas, seguida pelos decretos que suspenderam os alvarás de negócios não essenciais. O SUS em BH é consolidado, tem 152 unidades de saúde com cobertura de mais de 80% do programa de saúde da família. Fizemos uma extensão do horário de atendimento dessas unidades. Chamamos a atenção para pessoas com sintomas mais graves procurarem as unidades de saúde e houve uma resposta importante”, afirma Pimenta.