Correio Braziliense
postado em 18/05/2020 04:41
Em semana recorde de mortes pelo novo coronavírus no Brasil, com acréscimo de quase 10 mil óbitos em sete dias, o Ministério da Saúde confirmou mais 485 fatalidades ontem. Com isso, o país contabiliza 16.118 vidas perdidas pela doença e figura em sexto na lista dos países com mais mortes pela covid-19. Com 241.080 confirmações de infectados, o Brasil aproxima-se dos números do Reino Unido e pode ultrapassar o total de casos nas próximas horas, tornando-se o terceiro com maior incidência da doença.
Segundo o ranking da universidade norte-americana Johns Hopkins, o país só fica atrás do Reino Unido (244.995), Rússia (281.752) e Estados Unidos (1.484.804) em diagnósticos positivos para o coronavírus. No fim de semana, passou a Itália e a Espanha em número de casos. No entanto, em relação aos óbitos, o Brasil continua atrás dos EUA, Reino Unido, Itália, França e Espanha.
Com mais 94 fatalidades nas últimas 24 horas, São Paulo acumula 4.782 vidas perdidas, o que representa quase 30% do balanço nacional. O número de fatalidades superou o total de mortos em todo o México que, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), soma 4.767 mortes até o momento.
Mais de mil pessoas morreram em decorrência do novo coronavírus na última semana no estado paulista. Nesse período também houve acréscimo de 16.901 novas infecções, chegando ao total de 62.345. Com isso, o número de casos no estado é 38% maior que o total verificado no território mexicano.
Outros cinco estados já ultrapassaram a barreira das mil mortes. O Rio de Janeiro tem 2.715 óbitos e é seguido por Ceará (1.641), Pernambuco (1.516), Amazonas (1.413) e Pará (1.239). O Distrito Fedral acumula 57. Pela segunda vez durante a pandemia, o RJ ultrapassou São Paulo em confirmações de mortes diárias, com 101 novos óbitos. Além do colapso no sistema de saúde, que está perto de atingir a capacidade de atendimento, o estado fluminense ainda enfrenta uma crise no governo.
Demissão no Rio
Após a pasta da Saúde fluminense ser alvo de investigações federais, o governo do estado informou, ontem, que o secretário estadual de Saúde, Edmar Santos, deixará o cargo. “Edmar foi exonerado pelo governador Wilson Witzel por falhas na gestão de infraestrutura dos hospitais de campanha para atender às vítimas da covid-19”, diz o comunicado.
A demissão é um desdobramento das operações deflagradas pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) para apurar fraudes em contratos de terceirização de mão de obra nos últimos 10 anos no estado do Rio. De acordo com as investigações, a organização criminosa pagava propina a conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE), a parlamentares e a outros agentes públicos para fraudar licitações.
Até mesmo os hospitais de campanha para tratamento de pacientes com a covid-19 entraram na mira dos fraudadores. Com o governo Wilson Witzel, os acusados assinaram R$ 120 milhões em contratos desde o ano passado. A estimativa dos investigadores é de que o esquema tenha causado quase R$ 700 milhões aos cofres públicos na última década.
O ex-deputado estadual Paulo Melo foi preso durante a ação, nomeada de Operação Favorito. O empresário Mario Peixoto também foi um dos alvos desta nova etapa da Lava-Jato no estado.
O novo titular da pasta será o atual diretor-geral do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, Fernando Ferry. Clínico-geral, Fernando Ferry formou-se em medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ). Com ampla atuação em pesquisas contra Aids, foi professor-associado de Clínica Médica e Aids da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio).
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