Brasil

País é o terceiro em número de infectados

Com 254.220 registros, Brasil ultrapassa o Reino Unido e só fica atrás da Rússia e dos Estados Unidos em número de vítimas atingidas pela covid-19. Ainda sem titular definido, Ministério da Saúde prepara novo protocolo para cloroquina

Correio Braziliense
postado em 19/05/2020 04:04
Trânsito na Avenida 23 de Maio, ontem, em São Paulo: capital vai antecipar feriados para manter o isolamento social e conter o avanço da covid-19

Sem a definição de quem ocupará o cargo de ministro da Saúde, vago após a saída de Nelson Teich, o Ministério da Saúde confirmou ontem mais 13.140 casos do novo coronavírus e 674 mortes. Assim, o país soma 254.220 pessoas infectadas pelo novo vírus e 16.792 óbitos pela doença. Com os novos números, o Brasil se tornou o terceiro país no mundo com mais pessoas diagnosticadas e só fica atrás dos Estados Unidos e da Rússia. Considerando-se o número de vítimas, o Brasil é o sexto país com mais óbitos pela doença.

Questionado se a ausência de um ministro prejudicaria o combate ao novo coronavírus, o secretário-executivo adjunto da pasta, Élcio Franco, disse que o “foco está em prosseguir na logística e concluir as orientações que já estavam sendo pactuadas com os conselhos”. As orientações citadas por Élcio compõem a diretriz sobre o isolamento social apresentada de maneira geral pelo ex-ministro Nelson Teich na semana passada, que orientará governadores e prefeitos.

“Esse trabalho não se perdeu, está em fase de conclusão e pactuação com Conass e Conasems e OPAS, para que seja, então, divulgado. Não se trata de um plano para isolamento social. É uma avaliação de risco que vai orientar os procedimentos e a decisão a ser tomada pelo gestor. Estamos em tratativa com conselhos para poder concluir e divulgar”, reforçou o secretário.

Seis unidades da federação acumulam altos números de vítimas da doença. São Paulo (4.823), Rio de Janeiro (2.852), Ceará (1.748), Amazonas (1.433), Pernambuco (1.640) e Pará (1.329) já registraram mais de mil mortes cada e juntos somam 13.825 óbitos, ou seja, 82% de todas as mortes já confirmadas.

Sem pressa

Após perder dois ministros da Saúde em menos de um mês, o presidente Bolsonaro está disposto a agir diferentemente. Os últimos titulares da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, não quiseram abrir mão do juramento à medicina para respaldar o uso de uma substância que ainda não tem eficácia comprovada no tratamento à doença e que pode causar efeitos colaterais. Desta vez, o presidente pretende alterar o protocolo, ampliando o uso do medicamento, antes de nomear um novo integrante à equipe ministerial.

As novas regras para a aplicação da cloroquina podem ser apresentadas hoje. Bolsonaro recebe esta manhã no Planalto o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello. Na sexta-feira passada, após a saída de Nelson Teich, o Ministério da Saúde informou em nota que estava “finalizando novas orientações de assistência aos pacientes com covid-19”.

Enquanto Pazuello responde interinamente pela pasta da Saúde, o Palácio do Planalto avalia nomes para assumir o sucessor de Nelson Teich. Por enquanto, cinco são tratados como favoritos: a oncologista Nise Yamaguchi; o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS); o diretor de Saúde da Marinha, vice-almirante Luiz Fróes; o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Flores; e o médico e youtuber Ítalo Marsili.

Nise Yamaguchi, especificamente, já se encontrou com Bolsonaro. Em entrevista ao portal UOL, ela disse que aceitaria um eventual convite do presidente e já demonstrou um certo alinhamento ao mandatário ao defender o fim do isolamento social e a utilização da cloroquina. “Tenho uma vida bastante consolidada, trabalho em Lyon (França), trabalhei na associação de oncologia dos EUA, é (um trabalho) muito sólido, não precisaria estar me expondo como estou me expondo se não achasse que pudesse salvar vidas”, comentou.

O nome de Ítalo Marsili ganhou força entre os apoiadores mais radicais de Bolsonaro e de parlamentares da ala ideológica do governo.Nas redes sociais, ele disse  que contava com o “apoio popular” para assumir a Saúde e que veio ontem a Brasília para uma reunião com o presidente, apesar de o encontro não constar na agenda oficial do chefe do Palácio do Planalto. Ítalo Marsili pode encontrar resistência para entrar no governo devido a algumas polêmicas, como por já ter dito que já “curou” um pedófilo pagando “prostitutas com cara de criança” e que o voto feminino é o principal motivo para a crise da democracia.

Brasil na OMS

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello afirmou ontem que o governo federal está empenhado no enfrentamento da pandemia e colabora com estados e municípios no combate ao novo coronavírus. As avaliações de Pazuello contrastam com as críticas recorrentes do presidente Jair Bolsonaro, que acusa governadores e prefeitos de tomarem decisões equivocadas sobre o isolamento social e os responsabiliza pelo agravamento da crise econômica provocada pela covid-19. Ele disse também que o governo federal tem realizado ajuste de protocolos do Ministério da Saúde “baseado em evidências”, sem citar a intenção da pasta de ampliar o uso da cloroquina.

Pazuello participou, por videoconferência, da 73ª Assembleia Mundial da Saúde, transmitida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele afirmou que o governo federal está preparado para o enfrentamento da pandemia, por meio da ação do Comitê de Crise, da Casa Civil, e do Comitê de Operações de Emergência, do Ministério da Saúde. Ele reiterou que as dimensões continentais do Brasil exigem estratégias direcionadas para cada região.

* Estagiária sob supervisão de Carlos Alexandre de Souza


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