Correio Braziliense
postado em 19/05/2020 17:08
Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) revelou uma situação alarmante nos lares brasileiros: mais de 5 milhões de domicílios estão localizados nos chamados aglomerados subnormais — caracterizados por um padrão urbanístico irregular, falta de serviços públicos essenciais e localização em áreas com ocupação irregular. Os dados apontam também que, de um total de 13.151 desses aglomerados, apenas 827 estariam a mais de 5 quilômetros de hospitais.
Agravados pela realidade atual, esses dados apontam uma grande vulnerabilidade de uma parcela significativa da população a sofrer mais com o novo coronavírus. A falta de infraestrutura dentro das favelas, por exemplo, torna mais difícil a higiene e o isolamento social. Cayo Franco, gerente geral de Geografia do IBGE observa: “Há bairros pobres que não foram classificados como aglomerados subnormais, seja porque os moradores têm a posse da terra ou alguns serviços de saúde e saneamento. O que apresentamos no levantamento é uma dimensão da vulnerabilidade, no caso, os mais vulneráveis dos vulneráveis”.
Apesar de o estudo mostrar que boa parte da população vive em condições precárias, do ponto de vista socioeconômico e de saneamento e moradia, os dados também apontam que quase 65% dos aglomerados subnormais estão localizados a menos de 2 quilômetros de distância de hospitais. A informação, entretanto, não chega a ser um alívio frente à pandemia que o mundo enfrenta, uma vez que os dados não analisam se estes hospitais estão aptos ao atendimento de pacientes com a covid-19.
“A grande maioria dos aglomerados subnormais está próxima de unidades de saúde. Ou seja, o problema não é distância das unidades de saúde, mas, talvez, a falta de estrutura nessas unidades. Não sabemos detalhes dessas estruturas”, comentou o coordenador de Geografia e Meio Ambiente do IBGE, Cláudio Stenner.
Saiba Mais
Apesar dos números altos que o norte apresenta, é no sudeste que o número total de casa nessas condições cresce. No Rio de Janeiro são 453.571 domicílios em áreas precárias. Só para se ter uma ideia, a Rocinha, maior favela do país, acumula sozinha 25,7 mil domicílios. Em São paulo o número é ainda maior, são 529.921. Rio das Pedras, no Rio, com 22.509; e Paraisópolis, em São Paulo, com 19.262 domicílios em aglomerados subnormais, também apresentam números altos. No centro-oeste,próximo à capital federal também chamam a atenção a comunidade do Sol Nascente, no Distrito Federal, que tem 25.441 casas.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.