Brasil

País supera marca de mil mortes diárias

No pior dia da pandemia, Brasil registrou 1.179 vidas perdidas e chegou a quase 18 mil óbitos. Pela primeira vez, país lidera lista de mortos em 24 horas pela covid-19. Segundo o Ministério da Saúde, 271.628 pessoas foram infectadas

Correio Braziliense
postado em 20/05/2020 04:04
Velórios no cemitério Vila Formosa, na cidade de São Paulo. Estado ultrapassou cinco mil mortes; 324 de segunda para terça


O Brasil liderou pela primeira vez a lista dos países em que mais mortes foram identificadas em 24 horas em decorrência da doença causada pelo novo coronavírus. Segundo o Ministério da Saúde, mais 1.179 mortes por covid-19 foram confirmadas de segunda para terça, um novo recorde. O número superou os 933 óbitos pela doença identificados nos Estados Unidos no mesmo período, de acordo com o Centro de Controle de Doenças norte-americano (CDC, na sigla em inglês). Os Estados Unidos (90.340 óbitos) lideram a lista dos países com mais mortes, na qual o Brasil está em sexto lugar, com 17.971, atrás também de Reino Unido (35.341 óbitos), Itália (32.169 óbitos), França (28.022 óbitos) e Espanha (27.709 óbitos).

Em crescimento exponencial desde que registrou a primeira morte pelo novo coronavírus, há pouco mais de dois meses, o Brasil bateu, pela primeira, um acumulado de mais de mil vidas perdidas em 24 horas, chegando a 17.971 óbitos, com o incremento de 7% de um dia para o outro. O recorde dos números da doença dentro do país também pôde ser visto na confirmação de novos casos. Com mais 17.408 pessoas infectadas, o país registrou 271.628 casos confirmados.

A explosão no número de vidas perdidas era esperado, já que, mais cedo, ontem, São Paulo bateu recorde ao confirmar mais 324 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas. Com os números, o estado, que é o epicentro da doença no Brasil, ultrapassou a marca de 5 mil óbitos pela doença. Ao todo, são 5.147 vítimas. Em 219 municípios há registros de óbitos. A unidade federativa também é a que tem mais casos confirmados: são 65.995 registros em 479 municípios.

Rio de Janeiro também apresentou recorde e bateu as 3 mil mortes ontem. Além de São Paulo e Rio (3.079), outros quatro estados preocupam por já somarem mais de mil fatalidades cada. São eles Ceará (1.856), Amazonas (1.491), Pernambuco (1.741) e Pará (1.519). Juntas, as seis unidades federativas concentram 14.833 óbitos, ou seja, 82% de todas as mortes confirmadas no país. Todos os 26 estados do Brasil, mais o Distrito Federal, registram casos e mortes.

Previsão de pico
Esta promete ser a semana mais drástica para o Brasil desde o início da pandemia. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Marinha do Brasil e Universidade de Bordeaux, na França, estimam que o pico deve ocorrer nos próximos dias. De acordo com o modelo matemático elaborado pelos estudiosos, os registros devem começar a se estabilizar no fim de julho, quando alcançarem um patamar de 370 mil. Este número pode chegar a 1 milhão, se forem levados em consideração os casos não reportados. A projeção foi encomendada pelo jornal O Estado de São Paulo e tem por base o quadro atual de isolamento social, medidas de higiene e capacidade de testagem.

Infectologista do Laboratório Exame, David Urbaez explica que, pelo fato de o Brasil ter um desenvolvimento diferente em cada região e estado, é difícil fazer uma previsão certa de quando a doença atingirá de fato o pico no país. “Você só vai saber que você chegou ao pico quando você começar a registrar menos casos nos dias subsequentes. Por exemplo, quando você está registrando mil casos por dia e começa a ver 900, 700, 500. Você só saberá que atingiu o pico na hora que você começar a verificar a diminuição de casos e óbitos”, afirma. O especialista acredita que o volume de mortes e de casos confirmados continuará aumentando nas próximas semanas: “Creio que a gente está, ainda, em crescimento exponencial no Brasil todo.”


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