A um passo de bater 300 mil casos confirmados pela covid-19 e em ritmo acelerado de crescimento, o Brasil se aproxima da Rússia em infectados e deve se tornar o segundo país com mais incidência da doença no mundo. Ontem, o Brasil registrou um novo recorde diário, com 19.951 novas confirmações em 24 horas. Com isso, 291.579 brasileiros já foram diagnosticados para o novo coronavírus. De acordo com o levantamento da Universidade Johns Hopkins, a Rússia soma 308,7 mil infecções. Já os Estados Unidos, que lideram o ranking, têm 1,5 milhão. Em relação aos óbitos, o Brasil continua sendo o sexto país com mais mortes, atrás dos EUA, Reino Unido, Itália, França e Espanha, nesta ordem. Com mais 888 vítimas confirmadas ontem, o país registra 18.859 vidas perdidas.
Ao promover um megaferiado de seis dias na cidade de São Paulo junto ao prefeito Bruno Covas, o governador João Doria falou, ontem, sobre a possibilidade de decretar lockdown, caso o índice de isolamento social não aumente. De acordo com o Índice de Isolamento Social da Inloco, a taxa de isolamento no estado de São Paulo, na terça-feira, era de 41,3%. O número de casos de covid-19 no estado chegou a 69,9 mil ontem, com 5.363 mortes registradas, segundo o Ministério da Saúde. O estado lidera com folga em número de casos confirmados, com mais que o dobro do registrado no Ceará, que é o segundo colocado, com 30,5 mil.
“Evitar a medida extrema representa respeito e atitude. Mas, se nós não tivermos solidariedade, os índices crescerem ainda mais e colocarmos em risco a vida das pessoas, seremos obrigados a adotar o lockdown. Vamos fazer um esforço nesses seis dias na capital, na região metropolitana, no interior e no litoral, para evitar medidas mais duras e mais restritivas”, pediu o governador.
Aumento
Já no Pará, o decreto que determinou bloqueio total em Belém e mais nove municípios começou a valer no dia 7. Na data, o índice de isolamento no estado era de 49,1%, o número de casos era de 5.935 e contabilizavam 488 mortes. Atualmente, 17 municípios estão em suspensão total. O último índice de isolamento registrado no estado, na terça, foi inferior ao registrado no início do lockdown, chegando a 48,9%. Já o número de casos saltou para 18.135 e as mortes chegaram a 1.633, com o estado ocupando a 6ª colocação no ranking nacional.
Ainda na região Norte, o Amazonas registrou maior número de casos em municípios do interior do que na capital Manaus. No fim de abril, Manaus passou a conviver com uma crise sem precedentes que atingiu o sistema de saúde e funerário. De acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), todos os bairros da capital têm casos de covid-19, mas há uma queda na progressão de casos. No estado, cinco cidades decretaram lockdown. Duas delas, São Gabriel da Cachoeira e Silves, anunciaram, ontem, a prorrogação da medida.
A infectologista Eliana Bicudo explica que a necessidade de lockdown existe quando a cidade ou estado está próximo a um colapso sanitário, “quando os pacientes vão começar a morrer em casa ou na rua sem assistência”. Ainda de acordo com a médica, a efetividade da medida só é percebida após, pelo menos, 14 dias da adoção efetiva. “A doença tem um tempo de incubação, ela tem um tempo para causar sintomas. Se eu fecho tudo, eu demoro 14 dias ou um pouco mais para ter impacto no número de casos”, enfatiza. Antes desse período, os novos casos confirmados podem ter sido infectados antes do lockdown.
*Estagiários sob a supervisão de Andreia Castro
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