Correio Braziliense
postado em 21/05/2020 04:04
Após o ministro da Saúde interino, Eduardo Pazuello, cumprir a missão de elaborar um documento para flexibilizar a utilização da cloroquina em pacientes diagnosticados com covid-19, como desejava o presidente Jair Bolsonaro, ele permanecerá “por muito tempo” à frente do ministério para seguir chancelando as decisões do chefe do Palácio do Planalto. Depois de sucessivas frustrações com os últimos ministros da pasta, Bolsonaro vai deixar o general no comando para garantir que as suas vontades sejam cumpridas, dizem especialistas.
Na manhã de ontem, o chefe do Executivo fez a afirmação a um grupo de garis, enquanto deixava o Palácio da Alvorada. Ao conversar com os trabalhadores sobre a situação econômica do país e os desempregos em meio à crise do novo coronavírus, Bolsonaro foi questionado por um homem se a nomeação do novo ministro da Saúde já havia saído. Como resposta, o presidente disse: “Não. Ele (Pazuello) vai ficar por muito tempo, esse que está lá. Não vou mudar, não. Ele é um bom gestor e tem uma equipe boa de médicos abaixo dele”.
Com um perfil distinto dos médicos Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, que o antecederam no Ministério da Saúde, Pazuello vai priorizar uma atuação centrada mais na cordialidade inerente aos membros das Forças Armadas do que propriamente em recomendações científicas. Ou seja, vai evitar declarações que fujam da linha de pensamento de Bolsonaro e vai seguir à risca o que pensa o mandatário brasileiro quanto ao que deve ser feito no país para enfrentar a crise sanitária.
Flexibilização
O próximo desafio de Pazuello será atender a mais vontades de Bolsonaro e fazer com que o Ministério da Saúde produza uma cartilha com regras para a autorização da reabertura de serviços e comércios e para a flexibilização do isolamento social, em vigor em boa parte dos estados e municípios do país.
Ontem, o general tratou do assunto em videoconferência com a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP). “O grande ponto da conversa foi que nós conseguimos com ele o compromisso de um protocolo geral para o Brasil, protocolo de tratamento, protocolo de encaminhamento dos doentes e um protocolo também, que eu falei que seria até do agrado do presidente Bolsonaro, para retomar as atividades. E ele (Pazuello) se comprometeu a fazer isso”, disse o presidente da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), Jonas Donizette, ao Portal G1.
Dessa forma, Pazuello vai continuar ocupando o Ministério da Saúde enquanto Bolsonaro achar conveniente. O cientista político Enrico Ribeiro, coordenador legislativo da Queiroz Assessoria em Relações Institucionais e Governamentais, comenta que o general pode ser mantido ministro até o fim da pandemia ou, pelo menos, até a curva de infectados e mortos pela covid-19 se estabilizar. “O perfil do ministro interino é muito mais político, e isso pode ajudar na medida em que ele precisar manter uma relação mais próxima com outros entes federados e com o próprio Congresso”, analisou o especialista. No entanto, Ribeiro alertou que a “militarização” do Ministério da Saúde pode ser um problema.
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