Correio Braziliense
postado em 25/05/2020 04:28
Os Estados Unidos anunciaram ontem que vão barrar a entrada de passageiros que estiveram em um período de 14 dias no Brasil, com o objetivo de conter o avanço do novo coronavírus em território americano. A decisão foi tomada por meio de decreto do presidente Donald Trump, dois dias depois de o Brasil ultrapassar a Rússia e se tornar o segundo país do mundo em número de casos da covid-19, atrás apenas dos EUA. A medida passará a valer na próxima sexta-feira.
“Hoje, o presidente tomou a ação decisiva para proteger nosso país, ao suspender a entrada de estrangeiros que estiveram no Brasil durante um período de 14 dias antes de buscar a admissão nos Estados Unidos”, diz um comunicado da secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany. “A ação de hoje garantirá que estrangeiros que estiveram no Brasil não se tornem uma fonte adicional de infecções em nosso país. Essas novas restrições não se aplicam aos voos comerciais entre os EUA e o Brasil”, acrescenta a nota.
A medida não será aplicada a pessoas que residam nos Estados Unidos ou sejam casadas com um cidadão americano. Da mesma forma, filhos ou irmãos de americanos, desde que tenham menos de 21 anos, poderão entrar nos EUA. Integrantes de tripulações de companhias aéreas ou pessoas que ingressem no país a convite do governo dos EUA também estão isentas da proibição.
Repercussão
O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Filipe Martins, tentou minimizar a decisão de Trump. O presidente americano é tido como um aliado pelo presidente Jair Bolsonaro. “Ao proibir temporariamente a entrada de brasileiros nos Estados Unidos, o governo americano está seguindo parâmetros quantitativos previamente estabelecidos que alcançam naturalmente um país tão populoso quanto o nosso. Não há nada específico contra o Brasil. Ignorem a histeria da imprensa”, tuitou Felipe Martins.
Para Juliano da Silva Cortinhas, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), o decreto de Trump “é uma consequência da irresponsabilidade do governo brasileiro frente à pandemia e de parte da população que desrespeitou as medidas de isolamento social decretadas nos estados”. “Vamos, a partir de agora, pagar o preço, tanto em vidas como em medidas restritivas à nossa movimentação pelo sistema internacional”, disse o docente.
O decreto de Donald Trump foi assinado horas depois de o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Robert O’Brien, afirmar que o governo americano adotaria restrições à entrada de passageiros vindos do Brasil. Ele falou sobre o assunto durante entrevista ao programa Face the Nation, da rede de TV CBS.
“Esperamos que seja temporário, mas, devido à situação no Brasil, tomaremos todas as medidas necessárias para proteger o povo americano”, declarou O’Brien, antes de frisar que os brasileiros estão “passando por um mau momento”. O número de notificações do novo coronavírus no Brasil chegou a 363.211, com 15.813 novos registros entre sábado e ontem, segundo o Ministério da Saúde (leia abaixo).
Trump disse na terça-feira da semana passada, pela terceira vez, que considerava proibir a entrada de passageiros provenientes do Brasil. “Não quero pessoas vindo para cá e infectando nosso povo. Também não quero que as pessoas fiquem doentes por lá. Estamos ajudando o Brasil com respiradores. O Brasil está tendo problemas, não há dúvida sobre isso”, afirmou o presidente americano.
Até ontem, os EUA não haviam fornecido os respiradores, mas, o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, disse em uma rede social que mil unidades do equipamento serão entregues pelo governo americano.
Troca na Saúde
O enfermeiro epidemiologista Wanderson de Oliveira deixará o cargo de secretário nacional de Vigilância em Saúde nesta segunda-feira. A saída foi confirmada em um e-mail enviado a servidores do Ministério da Saúde, no qual diz que continuará “ajudando ao ministro (interino Eduardo) Pazuello nas ações de resposta à pandemia”. “Somos da mesma instituição, Ministério da Defesa, e conosco é missão dada, missão cumprida.” Oliveira havia pedido demissão do cargo em 15 de abril, mas permaneceu na função a pedido de Luiz Henrique Mandetta. “Ainda na gestão do (então) ministro (Nelson) Teich, acordamos que após minhas férias, no dia 20/05, iríamos definir a data de saída.” Oliveira era presença constante nas entrevistas diárias em que o ministério apresenta os balanços sobre os casos do novo coronavírus no país. É apontado como um dos principais mentores da estratégia de combate à covid-19 no governo federal.
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