Brasil

Covid-19: infectologista da UFRJ defende tratamento nos primeiros sintomas

Edimilson Migowski, pesquisador e médico infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro, explica que início do tratamento precoce inibe agravamento da doença

Correio Braziliense
postado em 03/06/2020 15:22
Edimilson Migowski"Nem toda morte vai ser evitada. Mas, com os conhecimentos que temos hoje, deixar o paciente com os sintomas em casa esperando agravar para depois medicar é um equivoco grave que estamos cometendo", defende Edimilson Migowski, pesquisador e médico infectologista da Universidade federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, a afirmação é feita com base na bservação de um grupo de mais de 250 pacientes tratados por ele e por colegas da profissião que seguem a mesma conduta. Nenhum paciente do grupo morreu.

Edimilson Migowski arrisca até a estimar que "se deixasse esses pacientes evoluírem de uma forma natural, sem medicar, teria em torno de 8% a 10% de morte", pois no grupo observado também haviam pacientes considerados de risco. "Eu não tive pacientes graves, porque os tratei desde o início", pontua. Na avaliação do infectologista, atualmente o sistema de saúde brasileiro investe muito na consequência dos danos do vírus e não na fase inicial, que seria o ponto crucial para evitar a evolução até o estágio mais grave.

A substância usada para tratamento pelo médico infectologista é a Nitazoxanida, que também vem sendo usada em testes liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na busca por um medicamento no combate à covid-19 com outra composição. O médico Edimilson Migowski ressalta ainda o fator positivo de ser um medicamento vendido no Brasil apenas com receita médica, pelas especificidades de cada paciente.

A Nitazoxanida também é defendida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, que mudou o protocolo para testes de medicamentos para a covid-19. O protocolo passou a promover testes logo nas primeiras 24h a 48h após iniciados os sintomas, diferentemente de antes em que os testes foram voltados a pacientes já graves. "Agora esse protocolo vai provar que essa medida é inteligente e que vai evitar as formas graves da doença", defende Migowski.


Demora no resultado do exame da covid-19


O exame realizado no início da manifestação dos sintomas de covid-19 demora muito tempo para dar o resultado e não tem uma alta precisão. "Portanto não é possível se basear nesse teste para começar a medicação, além de ter dado o resultado de falso-negativo em 29% de pessoas que estavam infectadas", diz o infectologista. "Se o tratamento precoce for feito de forma eficiente, mesmo uma 'meia dúzia' de leitos de UTI em cada cidade provavelmente será suficiente para atender esses casos que venham a agravar, a despeito de uma boa medicação feita logo no início dos sintomas", conclui.

Para que essa estratégia seja eficiente, é fundamental orientar a população sobre os sintomas da covid-19. São eles: dor de cabeça, dor de garganta, perda de olfato e paladar, boca amarga, dor abdominal, diarreia, vômito, nauseas, prisão de ventre, muita dor no quadril, a dor é muito relatado mas o mais frequênte é a sensação de febre sem temperatura elevada, muita preguiça, alguns dormem muito tempo. Os sinais da covid-19 são muito variados. Então todo e qualquer manifestação clínica em conjunto pode ser rotulado. 

Saiba Mais

Outra doença que apresenta surto em várias cidades brasileiras é a dengue, que pode ter sintomas semelhantes à covid-19. Segundo Edimilson Migowski, não é preciso ter certeza de qual dessas doenças se trata para começar o medicamento com a substância defendida pelo professor da UFRJ. "Tem estudos feitos por mim em 2011, apresentado em congresso nos Estados Unidos, que mostram que a Nitazoxanida também tem uma ação anti-viral contra dengue e febre-amarela", afirma. 

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