Correio Braziliense
postado em 03/06/2020 17:53
O Coletivo de Culturas Populares do Distrito Federal, composto por 21 grupos, está pedindo a exoneração do presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, após divulgação de áudio no qual ele chama o movimento negro de "escória maldita". Em nota, eles solicitam sua retirada do cargo e repudiam as manifestações de Camargo. O Coletivo de Mulheres do Axé do Distrito Federal também pede a saída do presidente
As declarações de Camargo foram feitas em uma reunião interna com assessores. O jornal O Estado de S. Paulo obteve o áudio do encontro, que segundo a reportagem ocorreu no último dia 30, e divulgou na última terça-feira (2). No encontro, o presidente da Fundação criticou novamente o Dia da Consciência Negra e disse que Zumbi dos Palmares era um "filho da puta que escravizava pretos".
Camargo também chamou de "macumbeira" a mãe de santo Adna Santos, conhecida como Mãe Baiana, que é coordenadora de Políticas de Promoção e Proteção da Diversidade Religiosa da Subsecretaria de Direitos Humanos e Igualdade Racial no Distrito Federal. Ela prestou queixa contra Camargo nesta quarta-feira (3). O presidente da Fundação disse ainda que não iria aceitar recursos de emendas parlamentares de deputados do PT para promover capoeira.
O Coletivo de Culturas Populares do DF diz que Camargo representa uma conduta que atenta contra os princípios fundamentais da república e oferece resultados danosos à sociedade brasileira. O grupo pontua que ele "insulta e ataca gravemente a dignidade, integridade e honra de Zumbi dos Palmares, símbolo da resistência negra do Brasil escravocrata" e, ao desrespeitar Mãe Baiana, demonstra "total desrespeito às lideranças de religiões de matriz africana".
"As declarações, somadas a uma série de posicionamentos anteriores caracterizados por um forte viés racista, são absolutamente incompatíveis e contrárias aos interesses defendidos pela Fundação Cultural Palmares, instituição pública voltada para promoção e preservação dos valores culturais, históricos, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira", ressaltou grupo.
O Coletivo de Mulheres do Axé do Distrito Federal afirma em nota que as declarações do presidente da Fundação configuram atos de racismo e intolerância religiosa contra contra as comunidades tradicionais de matriz africana.
Saiba Mais
Também emitiu uma nota pedindo a saída de Camargo um grupo formado por 49 entidades, incluindo o Coletivo de Entidades Negras do DF (CEN-DF) e a Federação Nacional das Associação Quilombolas. Eles afirmaram que o presidente "reafirma a todo momento com seu ódio não ter capacidade moral, profissional, intelectual e também não ter a impessoalidade necessária para estar à frente da Fundação Cultural Palmares".
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