Correio Braziliense
postado em 04/06/2020 04:04
“Nem toda morte será evitada, mas, com os conhecimentos que temos hoje, deixar o paciente com sintomas em casa, esperando agravar para depois medicar, é um equívoco grave”, defende Edimilson Migowski, pesquisador e infectologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em entrevista ao programa CB.Poder, parceria do Correio e da TV Brasília, ele sustenta sua tese com base na observação de um grupo com mais de 250 pacientes tratados com nitazoxanida. Nenhum paciente morreu.“Se deixasse esses pacientes evoluírem de uma forma natural, sem medicar, teria em torno de 8% a 10% de morte”, arrisca o médico, pois, de acordo com ele, no grupo observado, também há pacientes considerados de risco. “Eu não tive pacientes graves, porque os tratei desde o início”, ressalta. Na avaliação do infectologista, atualmente, o sistema de saúde brasileiro investe muito na consequência dos danos do vírus e não na fase inicial, que seria o ponto crucial para evitar a evolução até o estágio mais grave.
Substância usada no tratamento pelo médico, a nitazoxanida é utilizada em testes liberados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na corrida por um medicamento que combata o novo coronavírus. O pesquisador destaca, ainda, o fator positivo de ser um remédio vendido no Brasil apenas com receita médica, pelas especificidades de cada paciente.
A nitazoxanida também é defendida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, que mudou o protocolo para testes de medicamentos para a covid-19. O protocolo passou a promover testagem logo entre as primeiras 24h e 48h, após iniciados os sintomas; antes, eram aplicados somente em pacientes graves. “Agora, esse protocolo vai provar que essa medida é inteligente e evitará as formas graves da doença”, defende Migowski. E acrescenta: “tem vários medicamentos sendo usados com sucesso. A própria hidroxicloroquina, que vem sendo administrada por alguns, mas que não é a minha experiência”.
Demora no resultado
O exame realizado no início da manifestação dos sintomas da covid-19 demora para dar o resultado e não tem uma alta precisão. “Portanto, não é possível se basear nesse teste para começar a medicação, além de ter dado o resultado de fals negativo em 29% das pessoas que estavam infectadas”, atesta o infectologista. “Se o tratamento precoce for feito de forma eficiente, mesmo que em uma ‘meia dúzia’ de leitos de UTI em cada cidade, provavelmente será suficiente para atender a esses casos que venham a agravar, a despeito de uma boa medicação feita logo no início dos sintomas.”
Para que essa estratégia seja eficiente, é fundamental orientar a população sobre os sintomas da doença. O paciente infectado pode sentir dor de cabeça, dor de garganta, perda de olfato e paladar, boca amarga, dor abdominal, diarreia, vômito, náuseas, prisão de ventre, dores fortes no quadril, sensação de febre e muita preguiça. “Pelo fato de os sintomas serem variados, toda e qualquer manifestação clínica, em conjunto, pode ser rotulada para o tratamento”, explica Migowski.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.