Correio Braziliense
postado em 06/06/2020 20:50
A decisão do governo de Jair Bolsonaro, de agir sem transparência na contabilidade do número de mortos por covid-19 levou a Universidade Johns Hopkins, que compila dados de todo o planeta, a decidir não mais colocar os valores do Brasil. Na quarta-feira passada, em decisão tomada pelo presidente, o Ministério da Saúde passou a divulgar os números de casos e vítimas do novo coronavírus depois das 22h. No primeiro dia, mesmo com as planilhas fechadas às 19h, a divulgação ocorreu mais tarde para que as informações não fossem apresentadas nos principais telejornais do país. A justificativa, naquele dia, foi de um problema técnico, segundo o Ministério da Saúde.
No entanto, a prática se repetiu desde então até que o próprio presidente Bolsonaro, em rede social, soltou uma nota dizendo que o Ministério da Saúde adequou a divulgação dos dados e mortes relacionados a covid-19. “As rotinas e fluxos estão sendo adequados para garantir a melhor extração dos dados diários, o que implica em aguardar relatórios estaduais e checagem de dados. Para evitar subnotificações e inconsistências, o Ministério da Saúde optou por divulgação às 22h, o que permite passar por esse processo completo”, diz a nota.
Saiba Mais
Por conta da falta de transparência, a Universidade de Johns Hopkins, que é referência mundial na contagem de mortos, desistiu de usar os dados do Ministério da Saúde. No Twitter, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes publicou: “A manipulação de estatísticas é manobra de regimes totalitários. Tenta-se ocultar os números da covid-19 para reduzir o controle social das políticas de saúde. O truque não vai isentar a responsabilidade pelo eventual genocídio.”
Em nota, a universidade afirmou que a decisão se devia a “suspensão temporária do ministério da Saúde brasileiro de divulgar os dados sobre a covid-19”. “Quando os dados se tornarem disponíveis novamentes, vamos corrigir”, diz a nota.
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