Correio Braziliense
postado em 09/06/2020 14:51
O “histórico de solidariedade” do Brasil de cooperação com a saúde internacional ao longo de outras crises mundiais no setor é o motor que mantém estável as relações entre a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as autoridades e pesquisadores brasileiros, mesmo após a polêmica declaração do mandatário do país ameaçando romper parceria a entidade. A declaração foi dada por Marcos Espinal, diretor de doenças transmissíveis da Organização Pan-americana da Saúde (Opas), braço da OMS nas Américas. “O Brasil tem sido um importante ator entre as Américas e fora também, porque tem uma grande tradição de solidariedade e pan-americanismo até por fazer fronteira com 10 países. A organização está pronta para continuar apoiando o Brasil”, disse durante coletiva desta terça-feira (9/6).
Na sexta-feira passada, o presidente Jair Bolsonaro chegou a ameaçar romper cooperação com a OMS, a exemplo do que fez o presidente norte-americano Donald Trump. “O Trump cortou a grana deles, voltaram atrás em tudo. Um cara que nem é médico. Eu adianto aqui. Os Estados Unidos saiu. A gente estuda, no futuro: ou a OMS trabalha sem ideologia ou nós vamos estar fora também. Não precisamos de gente lá de fora dar palpite na saúde aqui dentro”, apontou o chefe do Executivo.
A ameaça provocou receio por parte de pesquisadores e técnicos da saúde, que vem articulando junto à OMS o desenvolvimento de vacinas e medicamentos no país, com o objetivo de que o Brasil possa ter acesso a tratamentos e imunização o mais rápido possível. Mas, segundo Espinal, essa não será a postura da organização.
“Temos facilitado a compra de milhões de testes, a chegada de profissionais da saúde Manaus e em outras áreas, realizamos reuniões virtuais de educação. Não vamos permitir que vacinas ou medicamentos novos deixem de chegar, porque vamos facilitar isso, por exemplo, através do fundo estratégico para insumos e medicamentos e também pelo nosso fundo rotatório”, tranquilizou Espinal.
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