Correio Braziliense
postado em 13/06/2020 04:12
Dois comentários de Jair Bolsonaro, na live da última quinta-feira, tiveram duras reações, ontem. Ao pedir a apoiadores que entrassem nos hospitais para ver se há leitos ocupados por infectados pelo coronavírus, chocou-se com os nove governadores que compõem o Consórcio Nordeste, que rechaçaram, em carta aberta, a exortação do presidente. E ao afirmar que Luiz Henrique Mandetta teria “inflado” os mortos do novo coronavírus, Bolsonaro recebeu dura resposta do ex-ministro da Saúde.
A carta elaborada pelos governadores do Nordeste começa deixando claro que “não é invadindo hospitais que o Brasil vencerá a pandemia”.
“O presidente Bolsonaro segue, assim, o mesmo método inconsequente que o levou a incentivar aglomerações por todo o país, contrariando as orientações científicas”, condenam. Os governadores ainda criticaram as recentes operações da Polícia Federal sobre as quais enxergam a utilização de um órgão de Estado como instrumento de perseguição política. Assinam a carta os governadores Rui Costa (BA), Renan Filho (AL), Camilo Santana (CE), Flávio Dino (MA), João Azevedo (PA), Paulo Câmara (PE), Wellington Dias (PI), Fátima Bezerra (RN) e Belivaldo Chagas (SE).
Invasão
Não por coincidência, um grupo invadiu, ontem, o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, Zona Norte do Rio de Janeiro, alegando ter o direito de verificar as condições da unidade, que é referência de atendimento a pacientes com covid-19. Funcionários relataram que cinco pessoas forçaram portas, derrubaram computadores, quebraram placas de sinalização e tentaram entrar em reservados com pacientes. Segundo a prefeitura da cidade, a confusão foi causada por pessoas de uma mesma família, depois da morte, na unidade, de uma mulher de 56 anos, que seria parente delas e foi vítima da doença. O tumulto só cessou quando a Guarda Municipal conteve o grupo.
E atacado na live de quinta-feira, Luiz Henrique Mandetta usou as redes sociais para rebater Bolsonaro, que o acusou de “inflar” números da pandemia e trabalhar com dados “fictícios”. O ex-ministro preferiu não citar diretamente o presidente e lembrou do versículo bíblico que gosta de citar — “e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
“Quantos dos 800 mil casos confirmados e das 41 mil vidas perdidas a atitude tola foi a responsável? Realidade inflada? Ainda querendo maquiar? Cuidado! A morte está na espreita e na conta dos incautos. Reflita e reze. Fique com João 8:32. Não cite. Pratique!”, escreveu o ex-ministro. (BL e IS)
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