Brasil

Lockdown em 11 estados

Correio Braziliense
postado em 14/06/2020 04:20
No Brasil, 11 estados chegaram a ponto de precisar apelar para o lockdown em, pelo menos, uma cidade. A alternativa que restringe a circulação de pessoas, com a possibilidade, inclusive, de aplicar multa para aqueles que não apresentarem justificativas, é a mais drástica entre as medidas de isolamento social. Moradores do Amapá, Maranhão, Pará, Tocantins, Ceará e Pernambuco viveram essa experiência após a publicação de decretos estaduais. O Amapá, aliás, foi o único onde a regra valeu em todo o estado.

O bloqueio total foi uma ferramenta utilizada em vários países, buscando reduzir a taxa de transmissão da doença. Logo no início da pandemia, ainda em janeiro, em Wuhan, o governo chinês determinou o lockdown, assim como em outras cidades na província de Hubei.

“O controle eficiente passa pela testagem em massa. A Nova Zelândia, por exemplo, que está sem casos, é um país pequeno, fechou todas as fronteiras e isolou os pacientes positivos até se curarem. Esse modelo não serve para o Brasil. Não temos como fechar as fronteiras em um país continental como o nosso”, explica a infectologista Eliana Bicudo.

Na Itália, logo após os primeiros casos, chegou-se a fazer campanha, como a #MilãoNãoPara, liderada pelo prefeito Giuseppe Sala. Na ocasião, parte do país já estava em quarentena e, após o ocorrido, o italiano assumiu ter sido um erro defender a retomada das atividades tão cedo. Após o agravamento do cenário italiano, o bloqueio total precisou ser adotado para tentar conter a infecção pela covid-19.

Cidades do Amazonas, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte também viveram semanas sob o lockdown. No Amazonas, seis municípios (São Gabriel da Cachoeira, Barreirinha, Silves, Tefé, Novo Airão e Alvarães) aderiram à medida em meados de maio. No início de junho, o comércio e parte das atividades não essenciais reabriram as portas no estado, com protocolos específicos e limite de capacidade.

Efeito positivo
Um estudo do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), na Amazônia, constatou o efeito positivo da medida de distanciamento social sobre a disseminação da covid-19 nos municípios da Amazônia Central, região conhecida como Médio Solimões. Os pesquisadores concluíram que a ação retardou o pico de infecção em, aproximadamente, quatro semanas, no cenário com 50% de isolamento; e entre 12 e 17 semanas, no cenário com 70%.

Na prática, atrasar a chegada do vírus amplia o tempo para que uma infraestrutura adequada de saúde seja implementada. Essa é uma das principais estratégias apontadas pelos pesquisadores para reduzir o número de mortes por covid-19, especialmente nas pequenas cidades do interior do estado.

Ao menos sete estados ainda podem precisar recorrer à paralisação total das atividades. É o diz um estudo da consultoria Bain & Company publicado nesta semana. O nível de utilização das unidades de terapia intensiva (UTIs) e a velocidade de contágio da doença acendem o alerta nas regiões do Norte (Pará e Amapá), Nordeste (Rio Grande do Norte, Ceará, Maranhão e Pernambuco) e Sudeste (Rio de Janeiro). (MN e RR)



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