Após Curitiba flexibilizar as medidas de isolamento social, o salto no número de infectados por covid-19 e o aumento dos atendimentos na rede de saúde fizeram a capital do Paraná endurecer a quarentena. A partir de amanhã, fecham as portas academias, igrejas e templos religiosos, praças e parques, além de atividades de entretenimento. Comércio de rua, shoppings, restaurantes e galerias também passam a ter restrição de horário.
O anúncio foi feito pela secretária municipal de Saúde de Curitiba, Márcia Huçulak, ontem, motivado pela aceleração na disseminação do vírus desde a reabertura de grande parte das atividades econômicas. Até 28 de maio, a capital paranaense tinha média diária de 14 a 15 novos casos, mas o número saltou para três vezes mais nas semanas seguintes. Ontem, foram 97 novos infectados.
Curitiba soma 1.676 diagnósticos positivos e 76 mortes pelo novo coronavírus, segundo o boletim divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). A cidade passou da bandeira amarela (nível 1 de alerta) para a laranja (nível 2), de alerta médio, conforme estabelecido no Protocolo de Responsabilidade Social e Sanitária. Nessa fase, as restrições são maiores.
“Fizemos isto, por ordem médica, (...) por excessos, infelizmente, cometidos por pessoas sem instinto de sobrevivência, desrespeitosas com a vida e a saúde dos outros”, explicou o prefeito Rafael Greca, por meio das redes sociais. “Não vamos facilitar no combate sanitário. Todas as vidas importam”, completou.
Aglomeração em RJ e SP
Na cidade do Rio de Janeiro, a reabertura dos shoppings está liberada desde quinta-feira. O primeiro sábado de portas abertas foi marcado por filas do lado de fora dos centros de compras e das lojas. O desrespeito às normas de isolamento pressionou o prefeito Marcelo Crivella a anunciar que reforçará as ações de fiscalização, tanto nos shoppings, quanto nas praias, que também vêm registrando aumento da circulação de pessoas.
O cenário não foi diferente na Grande São Paulo, onde a liberação dos shoppings se somou à reabertura do comércio de rua. Novamente, filas foram formadas antes mesmo da abertura de algumas lojas e muita gente circulou pelas principais avenidas do comércio da cidade. Os estabelecimentos têm horário de funcionamento reduzido e precisam seguir regras de higiene e restrição da entrada dos clientes.
Uma multidão ocupou as principais ruas de comércio do Brás, na região central de São Paulo, ontem. Defensoras da flexibilização do isolamento social, entidades do comércio reconheceram que enfrentam dificuldades para fiscalizar o cumprimento das medidas de proteção da Prefeitura e do governo.
Diretor da Associação de Lojistas do Brás (Alobrás), Lauro Pimenta estima que 200 mil consumidores passaram, ontem, pela região. “Em uma situação normal seriam de 800 mil a 1 milhão de pessoas. É hipocrisia dizer que não vai ter aglomeração no Brás. São 4 mil lojas e 8 mil boxes, só a movimentação interna já é grande. Mas o lojista está preocupado e tem medo de fechar de novo”, afirmou. (BL e MN)
» Pazuello quer triagem
O isolamento social vem se mostrando a estratégia mais eficaz no combate ao avanço do novo coronavírus por todo o mundo e é a medida recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Contrariando os dados apontados por pesquisas e especialistas nacionais e internacionais, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, defendeu que triagens para detectar brasileiros com sintomas de covid-19 são mais importantes do que o isolamento social. “O que é mais importante do que discutir o grau do isolamento e se vai haver isolamento ou não é a necessidade de triagem”, disse, ontem, o general, em entrevista à CNN. Para Pazuello, a triagem deve ser realizada com medições de temperatura, oxigenação e pressão. E, caso apresente algum sintoma de alerta, a pessoa deve ir ao médico para ser diagnosticada e medicada.
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