Correio Braziliense
postado em 15/06/2020 20:01
No mesmo dia em que os Estados Unidos suspenderam a autorização emergencial de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no tratamento contra o novo coronavírus, o Brasil ampliou a orientação de uso da medicação no tratamento de pacientes da covid-19 e passou a orientar, nesta segunda-feira (15/6), o uso terapêutico precoce do medicamento para gestantes e as crianças.
Mesmo sem evidências científicas, a pasta indica o uso da medicação no tratamento da doença desde 20 de maio. De acordo com com a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, o medicamento é o “único cujo evidências clínicas dos nossos segmentos mostram bons resultados”.
“Coincidentemente, o Ministério da Saúde divulga atualização da sua nota de orientação no mesmo dia que o FDA (Food and Drug Administration, em inglês) revoga a permissão de emergência para o tratamento com a hidroxicloroquina. Nós gostaríamos de ressaltar que seguimos tranquilos, serenos, seguros quanto a nossa orientação”, disse ao anunciar a mudança.
De acordo com ela, a orientação do da agência reguladora dos EUA era referente a tratamento de casos graves, diferente da orientação do Brasil. Mayra ainda desqualificou a decisão da FDA ao afirmar que os trabalhos citados como referência pela agência são de “péssima qualidade metodológica”. “As referências não podem ser utilizadas como exemplo nem para o Brasil nem para o mundo”, afirmou.
Sem citar nenhum estudo, a secretária afirmou que o Ministério da Saúde observou uma queda na curva de infecção da covid-19 desde 20 de maio, dia em que a primeira orientação do uso do medicamento no tratamento precoce da covid-19 foi publicada.
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Contraponto
Uma nota divulgada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em 29 de maio afirma que “não há dados que amparem a segurança e a eficácia do uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina em crianças com covid-19 tanto em casos leves, moderados como graves”. No documento, a SBP sugere que o uso destes medicamentos seja feito apenas para crianças e adolescentes em estudos clínicos controlados.
Ao ser questionada sobre o parecer, a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde afirmou que o ministério segue a recomendação da SBP. “Quando a gente coloca na nossa tabela o uso precoce em crianças, a gente deixa bem claro a ressalva que são para crianças que são portadoras de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e outras doenças graves. [...] A gente em nenhum momento está fazendo orientação para uso profilático dessas medicações. Nós estamos orientando o uso terapêutico precoce para gestantes e crianças e adultos que manifestem sintomas que sejam avaliados pelos médicos”, explicou.
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