Correio Braziliense
postado em 15/06/2020 21:34
Sobre a situação de trocas constantes na pasta, Mandetta lamentou a situação de uso da pasta com interesses políticos nos últimos governos. Para ele, não há novidade: "Ministro não permanece mais de um ano. É um ministério muito utilizado para toma lá, dá cá", lamentou. Ele ainda ressaltou que acredita que após a pandemia, haverá a utilização da pasta para recomposição da base do presidente no Congresso. “A gente sempre viu o Ministério da Saúde ser um ministério usado para barganhas políticas e talvez seja esse, mais uma vez, o destino dele”, disse. “O Ministério da Saúde um dia vai ser olhado com mais carinho pelos presidentes”, projetou otimista.
Quando questionado sobre a declaração do presidente, que incentivou que as pessoas invadirem hospitais, Mandetta declarou: “Às vezes a pessoa é atormentada, ela fica com a qualidade do sono muito baixa e durante o dia ela acaba cometendo alguns equívocos. Mas isso deve estar sendo fruto da pressão. Eles achavam que era uma gripezinha, que a doença ia passar com algumas gotas de cloroquina e a doença se mostrou muito agressiva”, ponderou o médico. “Isso é um desrespeito com todos os médicos, com todos os enfermeiros”, se solidarizou com os profissionais.
"O presidente, como toda pessoa que faz política está tentando achar um culpado”, criticou lembrando que o primeiro alvo foi a China. “Ele virou o canhãozinho dele e resolveu bater na Organização Mundial da Saúde", seguiu. Até que lembrou quando passou a ser responsabilizado pela má situação que o país enfrenta. “É muito pequeno, não cabe nenhum tipo de comentário”, lamentou.
Ao ser perguntado sobre o que fazer em relação ao presidente em um caso desses se referindo ainda a questão das invasões, respondeu “Eu rezo”. Logo no início da entrevista o ex-ministro se pronunciou sobre a demissão dele do cargo de ministro. “Acho que foi a primeira vez que um ministro colocou claramente que médico não abandona um paciente” e disse na sequência: “Fui exonerado, com muito orgulho”.
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Porém, apesar da visão, ele não acha que a flexibilização seja um assunto fácil de ser tratado. Para ele, cada local no Brasil vive uma realidade diferente. “O Brasil é um continente”, disse. “Eu acho que vamos ter várias epidemias em momentos diferentes. Em São Paulo, nossa maior cidade, a cidade mostra sinais de queda, mas o interior mostra números crescentes”, exemplificou. Mandetta ainda falou da realidade brasileira, como as favelas, que tornam o problema ainda mais difícil de ser tratado.
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