No mesmo dia em que os Estados Unidos suspenderam a autorização emergencial de uso da cloroquina e da sua principal substância derivada no tratamento contra o novo coronavírus, o Ministério da Saúde ampliou a orientação de uso da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes da covid-19 e passou a sugerir o uso terapêutico precoce da substância para gestantes e crianças. Mesmo sem evidências científicas, a pasta autoriza o uso da medicação no tratamento da doença desde 20 de maio. Enquanto isso, os casos de mortes e infecções no Brasil pelo coronavírus continua em marcha de subida: são 888.271 casos registrados e 43.959 vidas perdidas, segundo o balanço oficial do governo.
De acordo com a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, Mayra Pinheiro, o medicamento é o “único cujo evidências clínicas dos nossos segmentos mostram bons resultados”. “Coincidentemente, o Ministério da Saúde divulga atualização da sua nota de orientação no mesmo dia que o FDA (Food and Drug Administration, em inglês) revoga a permissão de emergência para o tratamento com a hidroxicloroquina. Nós gostaríamos de ressaltar que seguimos tranquilos, serenos, seguros quanto a nossa orientação”, disse ao anunciar a mudança.
Conforme ressaltou a secretária, a orientação da agência reguladora dos EUA era referente a tratamento de casos graves, diferente da orientação do Brasil. Mayra ainda desqualificou a decisão da FDA ao afirmar que os trabalhos citados como referência pela agência são de “péssima qualidade metodológica”. “As referências não podem ser utilizadas como exemplo nem para o Brasil nem para o mundo”, afirmou.
Sem citar nenhum estudo, a secretária afirmou que o ministério observou uma queda na curva de infecção da covid-19 desde 20 de maio, dia em que a primeira orientação do uso do medicamento no tratamento precoce foi publicada. “Nossa curva de infecção começou a diminuir no dia 20, quando, coincidentemente, publicamos a nota informativa. Desde então, temos uma diminuição dos casos. Não podemos afirmar com segurança que isso se deve ao uso dessas medicações, mas há indícios de que, em muitos locais onde essa medicação foi adotada em protocolos, há uma redução de internamento em UTI”, garantiu.
Questionados sobre a queda na curva de infecção do Brasil, outros representantes da Saúde afirmaram que a queda citada por Mayra tinha sido comentada e pode ter relação com a passagem do pico da epidemia nas regiões Norte e Nordeste. Apesar de o número de casos e óbitos registrados diariamente apresentar queda desde a última sexta-feira, o Brasil ainda confirma muitos casos e mortes. Ontem, a pasta reportou mais 627 mortes e 20.647 casos da covid-19.
Balanço
O país, segundo o levantamento da Universidade Johns Hopkins, só fica atrás dos Estados Unidos, que tem 116.029 mortes e 2.107.632 casos. De acordo com os dados do ministério, nove estados ultrapassaram a marca de mil óbitos. São Paulo, epicentro da doença, encabeça essa lista com 10.767 óbitos.
Segundo o governo do Estado de São Paulo, o aumento de mortes por covid-19 desacelerou nos primeiros 15 dias do mês de junho em relação a última quinzena de maio. Entre 14 de maio e 1º de junho, a aceleração do crescimento de vítimas fatais foi de 77,68%, e entre 1º e 14 de junho foi de 39,48%.
Além de São Paulo, Rio de Janeiro (7.728), Ceará (4.999), Pará (4.201), Pernambuco (3.886), Amazonas (2.512), Maranhão (1.499), Bahia (1.145), Espírito Santo (1.086) somam 37.823 mortes –– 86% de todas as vidas perdidas.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.