Brasil

SUS é um patrimônio do povo brasileiro, diz oncologista Paulo Hoff

O presidente da oncologia da Rede D'Or afirmou que sem o Sistema Único de Saúde, os estragos da pandemia teriam sido muito piores. No entanto, é inegável que ele é subfinanciado

Correio Braziliense
postado em 25/06/2020 14:55

oncologista Paulo HoffO Sistema Único de Saúde (SUS) permitiu que o Brasil conseguisse responder rapidamente à alta taxa de contaminações por covid-19. É o que defende o Dr. Paulo Hoff, presidente da oncologia da Rede D'Or e coordenador da especialidade no hospital DF Star. Em entrevista ao CB Poder Saúde – parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília –, nesta quinta-feira (25), o médico comparou a saúde brasileira com a de países de primeiro mundo e concluiu que, apesar de não ser gerenciado da melhor forma, o SUS tem grande importância no combate à pandemia.

 

"O SUS é um patrimônio do povo brasileiro. Somos o único país com mais de 100 milhões de habitantes que se propõe a atender a todos de graça. Mas ele já era subfinanciado, isso é algo que já é de conhecimento público. Mesmo assim, o SUS foi um exemplo. Em Nova Iorque, cidade mais rica do país mais rico do mundo, houve situações muito piores do que as que temos aqui. As pessoas não tinham recursos para serem atendidas, porque não há sistema único de saúde. O governo precisou interferir. Aqui no Brasil, o SUS permitiu que o país desse uma resposta rápida que permitiu salvar muitas vidas", avaliou Hoff.

 

O oncologista também falou sobre as possibilidades de reabertura do comércio e flexibilização do isolamento. Ele defendeu que, para pensar nisso, é preciso promover a testagem em massa e garantir que a rede de saúde tenha condições de atender à demanda de infectados. "Precisamos ter uma noção da capacidade de atendimento do sistema de saúde. No caso da covid-19, mais da metade dos pacientes precisa de UTIs. Por isso há toda a preocupação com máquinas de ventilação. Então não se deve fazer o relaxamento se não tiver como atender à demanda", disse ele.

 

Paulo também esclareceu que há diferenças entre os testes realizados para detectar a infecção por coronavírus. "Os testes têm bastante confusão. Existem hoje três tipos de teste. O primeiro é o PCR, em que há a coleta de material pelo nariz. É o mais confiável, detecta se a pessoa está com o vírus naquele momento. Mas também é o mais complexo de fazer e que possui menos disponibilidade. Os teste rápidos e de sorologia só contam se o paciente já teve contato com o vírus, se desenvolveu resistência a ele. Quando se pensa em reabertura, o teste rápido é mais eficiente por permitir a testagem de grandes populações".

 

Ele ainda criticou o fato de o Brasil ser dependente da China para a importação de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Quando a epidemia começou, o país asiático ficou sobrecarregado pela demanda por insumos. Uma solução para lidar com esse tipo de crise, segundo Hoff, seria diminuir a dependência e garantir que tenhamos, em solo nacional, um estoque estratégico desses equipamentos para situações de emergência.

 

O Dr. Paulo ainda destacou a importância do isolamento feito nos últimos meses para o achatamento da curva de mortos e contaminados por covid-19. Isso, segundo ele, pode ter fez a diferença para que o sistema de saúde não entrasse em colapso. 

 

"Os sacrifícios que a população mundial e brasileira estão fazendo são inacreditáveis. Na espanha e itália, países mais ricos, houve colapso da assistência médica. No Brasil, houve um achatamento da curva. Na região Norte e Nordeste, há uma dificuldade, mas no Sudeste, mesmo com todos os problemas, os hospitais não entraram em colapso. Em Brasília acontece a mesma coisa. Pessoas ficam doentes, mas o sistema consegue atendê-las e garantir que elas sobrevivam. Acho que a mortalidade tem sido menor do que seria se não fizéssemos esse isolamento", completou.

 

*Estagiário sob a supervisão de

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