Brasil

Covid: Defesa lista 20 mortes e 7 mil casos em militares da linha de frente

Em divulgação do balanço de três meses das ações realizadas pelas Forças Armadas, o ministro Fernando Azevedo se referiu ao combate do vírus como uma guerra, em que são empenhados mais militares brasileiros do que na Segunda Guerra Mundial

Correio Braziliense
postado em 25/06/2020 18:33
Em divulgação do balanço de três meses das ações realizadas pelas Forças Armadas, o ministro Fernando Azevedo se referiu ao combate do vírus como uma guerra, em que são empenhados mais militares brasileiros do que na Segunda Guerra MundialNo verdadeiro campo de batalha contra o inimigo em comum, 20 militares da ativa que atuavam na linha de frente do combate ao novo coronavírus perderam a vida. Nos três meses de ações realizadas pelas Forças Armadas durante a nomeada Operação Covid-19, foram sete mil infectados e 1.544 ainda estão em recuperação. Na divulgação do balanço das atividades, nesta quinta-feira (25/6), o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, definiu os trabalhos de enfrentamento à pandemia como uma atuação de guerra. 

“A pandemia é uma guerra. Só vejo uma imagem altamente positiva das Forças Armadas em relação ao combate da covid”, disse Azevedo ao se referir, também, à atuação do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, que é militar da ativa. 

Entre as atuações que têm repercutido no cenário atual é a produção de cloroquina. Mesmo sem a comprovação da eficácia do medicamento para o tratamento de pacientes com covid-19, o Exército fabricou mais 1,8 milhão de comprimidos por solicitação do governo federal, após a liberação do protocolo que ampliou a possibilidade do uso para este fim. 

No país, são os laboratórios do Exército que têm a expertise para produzir esse medicamento, principalmente para fornecer o remédio para os militares que contraem malária ou para atender demandas do Ministério da Saúde no tratamento de lúpus, por exemplo. 

"Nós tínhamos disponibilidade, no início da operação, de 1 milhão de doses, de comprimidos e nós passamos para o Ministério da Saúde isso. Recebemos mais insumos para fabricação e aumentamos (a produção). Estamos com a capacidade de mais de 1,8 milhão prontos e não distribuídos ainda”, detalhou Azevedo que garantiu, ainda, que todas as contratações e produções foram feitas dentro da lei, mas que o Exército apenas executa a demanda do Ministério da Saúde. 

Na última semana, o assunto ganhou destaque após o Ministério Público (MP) solicitar ao Tribunal de contas da União (TCU) a investigação de superfaturamento na produção do remédio. 

O documento foi proposto pelo subprocurador-geral do Ministério Público que atua junto ao TCU, Lucas Rocha Furtado. Na representação, ele cita matérias recentes que indicam que, em um ano, o preço da matéria-prima da droga aumentou seis vezes e que, entre março e abril de 2020, o comando do Exército passou a produzir 84 vezes mais o volume do medicamento. 

Como a determinação partiu diretamente do chefe do Executivo, Furtado pede, ainda, que o TCU apure a responsabilidade direta do presidente Jair Bolsonaro, já que o aumento da produção, com pagamentos acima dos valores anteriormente praticados, se deu sem que houvesse comprovações científicas da eficácia da cloroquina no tratamento de covid-19. 

Manifestações

Na coletiva o ministro também comentou sobre o sobrevoo que fez ao lado do presidente Bolsonaro durante as manifestações no fim de maio. “Voei com presidente, voei. É o papel que me cabe. O presidente me convida para embarcar na aeronave das Forças Armadas e eu, como representante político das Forças Armadas, vou”, disse. 

Sem fazer referência a apoio ou não das manifestações, Azevedo fez questão, no entanto, de defender a democracia. “As Forças Armadas não são ente político, representam um organismo de estado. Temos um regramento jurídico, que a Constituição de 88, e se existe alguém que cumpre fielmente o regramento são as Forças Armadas. Nós não vamos nos afastar disso”, disse, acrescentando que conter manifestações ou não é competência dos órgãos de segurança pública. 

Balanço

No âmbito da Defesa, foram ativados 10 comandos conjuntos, cobrindo todo o Território Nacional, além do Comando Aeroespacial (COMAE). Marinha, Exército e Aeronáutica chegaram a empregar 34 mil militares, efetivo maior do que o utilizado pela Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial, quando 25.800 homens foram para o combate.

Ao todo, 1.802 viaturas, 107 embarcações e 85 aeronaves foram colocadas à disposição da Operação. Em três meses, o Ministério da Defesa, por meio da Força Aérea Brasileira, transportou 350 toneladas de materiais de saúde. No total, foram 1.038 horas de voo, o suficiente para dar 11 voltas ao planeta, uma a cada nove dias de Operação Covid-19.  

Foram realizadas mais de 2.600 descontaminações de espaços públicos, transportadas 16.000 toneladas de material de saúde, nos modais aéreo e terrestre, entregues mais de 570.000 kits de alimentação, realizadas mais de 19.000 doações de sangue. 

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