Brasil

Falta medicamento para intubar pacientes

Número de infectados no país chega a 1,2 milhão, com acréscimo de 39.483 casos em 24 horas. Distante de uma estabilização de contágio, levantamento mostra que 22 unidades da federação têm estoques zerados de ao menos um insumo

Correio Braziliense
postado em 26/06/2020 04:04
Número de infectados no país chega a 1,2 milhão, com acréscimo de 39.483 casos em 24 horas. Distante de uma estabilização de contágio, levantamento mostra que 22 unidades da federação têm estoques zerados de ao menos um insumo

Enquanto os números do novo coronavírus registrados, ontem, pelo Ministério da Saúde seguem a tendência de crescimento vista nos últimos dois dias, a falta de insumos para intubar pacientes infectados é sentida na rede pública. Segundo levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), 22 unidades da federação têm estoques zerados para ao menos um medicamento deste tipo. A indústria de medicamentos afirma que tem estoque dos produtos, mas não consegue atender a licitações de longo prazo. Com mais 39.483 infecções e 1.141 mortes, o país possui 1.228.114 brasileiros atingidos e 54.971 vidas perdidas.


Deputados federais da comissão que acompanha a resposta à covid-19 prometem questionar se distribuidores de medicamentos estão estocando produtos para vender a preços mais altos. Estado com maior número de casos e óbitos, São Paulo tem, no SUS, estoques zerados de 10 dos 22 produtos usados para intubar pacientes listados pelo Conass. Outros cinco fármacos se esgotam em menos de uma semana.


A elevação da taxa de transmissão do vírus observada por estudos internacionais e o aumento significativo de novos casos na 25ª semana epidemiológica mostram que o país parece distante de uma estabilização. Até o momento, a média dos registros diários da semana epidemiológica de número 26, que termina amanhã, confirma isso, com 32.107 casos. De acordo com o levantamento feito pelo Correio, mesmo sem os números de infectados de hoje e amanhã, a média já mostra crescimento em relação à última semana avaliada pelo governo. Entre 14 e 20 de junho, período da 25ª semana, a média de registros diários de novos casos foi de 31.009.


Especialista em Políticas Públicas e Gestão da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Leandro Safatle reforça os dados expostos ao declarar que a situação tende a se agravar. “O Brasil está, ainda, em uma situação bem complicada, porque a curva de casos ainda não está mostrando descendência. Está tendo mais de 40 mil casos novos sendo diagnosticados por dia no país. A situação tende a se agravar ainda, um pouco, porque o nosso histórico de doenças pulmonares e de vias aéreas vem aumentando, ano a ano, as mortes nesse sentido no país”, avalia.

Promessas

Uma saída para a falta de insumos nas redes pública e privada é debatida pelo menos desde o começo de junho. O Ministério da Saúde promete mediar compras de estados e municípios, abrindo uma “ata de registro de preços”, para centralizar as compras e evitar uma espécie de leilão entre os entes. Além disso, a pasta promete realizar uma busca emergencial no mercado internacional por meio de fundo rotativo da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).


A chegada dos medicamentos, no entanto, não deve ser imediata. O assessor da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde Alessandro Glauco afirmou, ontem, a deputados, que uma licitação ampla só será lançada daqui a duas ou três semanas.

Estados
Ao registrar 9.765 casos nas últimas 24 horas e bater o recorde pelo segundo dia consecutivo, São Paulo continua na liderança dos números brasileiros da pandemia, com 248.587 atingidos e 13.759 mortes. Apenas 34 dos 645 municípios do estado não registram infecções pelo novo vírus. A interiorização no estado é visível, já que, em apenas quatro dias, o percentual de diagnósticos fora da capital praticamente dobrou em relação ao mesmo índice da semana anterior.


Segundo os dados da Secretaria de estado da Saúde, entre os dias 14 e 20 de junho, o interior de São Paulo registrou 17.932 novas infecções, enquanto a capital confirmou 15.342 casos. O avanço da pandemia fora do município de SP foi 14,5% maior. Outros oito estados já ultrapassaram a marca de mil óbitos cada. São eles: Rio de Janeiro (9.450), Ceará (5.875), Pará (4.748), Pernambuco (4.488), Amazonas (2.731), Maranhão (1.871), Bahia (1.601) e Espírito Santo (1.463). Juntos, os nove estados somam 46.013 mortes, ou seja, 83,7% de todos os óbitos.

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