Brasil

Desvio na Saúde do Rio bancou casamento de luxo de Bia Figueiredo, diz JN

Piloto é casada com Fábio de Souza, que é filho de Juracy Batista de Souza Filho. Os dois foram presos em uma operação contra integrantes de associação acusados de desviar mais de R$ 9,1 milhões

Correio Braziliense
postado em 26/06/2020 09:19

Bia FigueiredoA piloto brasileira de automobilismo Bia Figueiredo perdeu o patrocínio da empresa que acompanha toda a carreira dela após ter o nome envolvido em um suposto esquema de desvios na Saúde do Rio de Janeiro (MPRJ).

Entre as acusações do Ministério Público do Rio de Janeiro, está que ela teve o casamento de luxo bancado com dinheiro público, segundo o Jornal Nacional citando as investigações.

 

Bia é casada com Fábio de Souza, que é filho de Juracy Batista de Souza Filho. Os dois foram presos, nessa quinta-feira (25/6), em uma operação do MPRJ contra 12 integrantes da organização social de saúde Instituto dos Lagos Rio, acusados de desviar mais de R$ 9,1 milhões da Saúde.

 

Segundo o MP, o Instituto dos Lagos Rio recebeu R$ 649 milhões entre 2012 e 2019 para a gestão de unidades de saúde do estado do Rio de Janeiro, "tendo comprovadamente desviado parte substancial dos valores".

 

O desvio de dinheiro se dava com o pagamento de valores superfaturados em favor de sociedades empresárias, sob o pretexto da aquisição de produtos ou terceirização de serviços necessários ao atendimento das UPAs e Hospitais administrados pelo Instituto Lagos Rio, indicam os promotores.

 

A Promotoria diz ainda que a OS "sequer dispunha de aptidão para assinar contratos de gestão com o Estado, mas forjou sua capacitação técnica graças a obtenção de atestados técnicos falsos".

Na denúncia apresentada à Justiça consta que as contratações de serviços e as aquisições eram direcionadas para empresas pré-selecionadas, controladas ou previamente ajustadas para o esquema.

 

Depois que o pagamento superfaturado era realizado, o repasse dos valores excedentes era feito aos dirigentes da organização criminosa ou para terceiros indicados por eles. Tal repasse era feito com dinheiro em espécie, "sacado na boca do caixa’ ou ainda utilizando empresas de fachada", diz o MP do Rio.

 

A denúncia aponta que Juracy Batista de Souza Filho ocupou papel central no esquema de desvio de recursos públicos, dirigindo e coordenando a atividade dos demais. Além dele e de Fabio, acusação atinge a outra filha Fernanda Andrade de Souza Risden, o cunhado José Marcus Antunes de Andrade, bem como os ex- dirigentes Sildiney Gomes Costa, José Carlos Jorge Lima Buechem, Hugo Mosca Filho.

 

Os empresários apontados como integrantes do esquema são Renê Borges Guimarães, José Antonio Sabino Júnior, José Pedro Mota De Sousa Ferreira, José Antônio Carauta de Souza Filho e Gustavo de Carvalho Meres.

Como Bia Figueiredo entra na história

Segundo o Jornal Nacional, o Ministério Público aponta que a família de Juracy Batista controla, além da organização social, um dos fornecedores dela: F71 Sistemas. Os promotores dizem ter provas de que essa empresa pagou com verba pública gastos do carro de corrida de Bia Figueiredo, piloto de Stock Car.

 

Além disso, a reportagem diz que a denúncia do Ministério Público mostra transferências bancárias de quase R$ 1,6 milhão da F71 Sistemas para a empresa de Bia Figueiredo e afirma que a empresa de Bia só existe no papel, criada para ocultar a origem dos valores pagos pela F71.Segundo o MP, a empresa bancou também parte do casamento de luxo de Bia e Fábio, em janeiro de 2016. Só o show da festa custou R$ 20 mil.

 

Após a reportagem ir ao ar, a empresa de combustível Ipiranga anunciou que suspendeu o contrato com a piloto. “A Ipiranga informa que foi surpreendida com notícias envolvendo o nome da piloto da Stock Car Bia Figueiredo. A empresa esclarece que as práticas citadas nas matérias veiculadas, relacionadas aos familiares da piloto, não representam os valores da sua marca e repudia”, diz trecho da nota.

 

Ao Correio, a assessoria de Bia alegou que ela não foi acionada e nem notificada judicialmente e que responderá todas as questões assim que os advogados analisarem todo o processo. 

A defesa de José Marcus afirmou que ele "é pessoa idosa e de conduta profissional ilibada. A prisão preventiva é ilegal porque constitui verdadeira antecipação de cumprimento de pena. Não existe argumento atual, tampouco individualizado, na medida em que José Marcus deixou a empresa (OS Instituto Lagos Rio) há mais de 8 meses", diz a defesa.

"Como justificar urgência se a prisão cautelar foi requerida em dezembro de 2019 e decretada somente em junho de 2020? Pior ainda, o CNJ desestimula a adoção de medidas extremadas quando recomenda que novas prisões preventivas só devem ser decretadas com a máxima excepcionalidade, face à atual pandemia. Por fim, importante frisar: nunca houve e jamais haverá qualquer embaraço às investigações ou à ação penal por parte do meu cliente", concluiu a defesa.

 

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio declarou que está revisando os contratos com a organização social Instituto dos Lagos Rio. O Instituto dos Lagos Rio afirmou que não vai se declarar. A reportagem não conseguiu contato com os demais citados.

A carreira de Bia

Ana Beatriz Figueiredo iniciou a carreira aos 8 anos de idade. Já são 27 anos de carreira desde então. Atualmente, ela é, pela quarta temporada, piloto da Stock Car e concilia a agenda com palestras, eventos e curso de direção preventiva. Mas está afastada para cuidar da gravidez.

 

Ela é a primeira brasileira a correr em uma categoria top do automobilismo mundial, a Fórmula Indy.. Ela é a primeira mulher do mundo a vencer na Firestone Indy Lights, a única a vencer na Fórmula Renault, a única a conquistar uma pole position na Fórmula 3, e a única a disputar e a vencer no Desafio das Estrelas, torneio anual de kart organizado por Felipe Massa.

 

Com informações da Agência Estado 

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