Brasil

CEO da Datagro: Críticas ao desmatamento no país são fruto de desinformação

Para Guilherme Nastari, Brasil cuida das suas florestas naturais e precisa se esforçar mais para mostrar isso ao mundo

Correio Braziliense
postado em 26/06/2020 15:45
Guilherme NastariPara o CEO da Datagro, Guilherme Nastari, o Brasil é o país que mais preserva florestas nativas no mundo, mas a desinformação faz com que outras nações não reconheçam isso. Em entrevista ao CB.Agro — uma parceria entre Correio Braziliense e TV Brasília –, nesta sexta-feira (26/6), ele afirmou que a cobrança internacional feita ao Brasil pela preservação do meio ambiente é injusta, uma vez que o país se esforça para estimular a produção agrícola sustentável.

"A gente precisa ajudar na educação desses agentes porque eles precisam aprender como é a produção no Brasil. Nós temos mais mata preservada do que o resto do mundo, e temos algumas das políticas mais modernas de consumo de energia renovável. Temos um grande desafio, que é de mostrar o que estamos fazendo. Tenho a impressão de que há uma desinformação sobre como protegemos nossos ativos ambientais e nossa produção. A Nasa inclusive confirmou que o Brasil é o país que mais preservou mata até hoje. Nesse sentido, o setor agro tem a responsabilidade de informar também", disse ele.

A menção à agência espacial norte-americana provavelmente diz respeito a um estudo publicado em 2017, que apontou que lavouras representavam apenas 7,6% do território nacional. Esse resultado corroborou números anteriormente divulgados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

Nastari afirmou também que a produção sustentável deve ser valorizada. Para ele, aqueles que preservam florestas e plantam árvores deveriam ser remunerados, o que garantiria uma maior proteção às áreas de mata. "Se a gente produz protegendo, a gente precisa ser valorizado por isso. Comparado a outras regiões, o Brasil é muito responsável ambientalmente. Enquanto a gente não conseguir criar um modelo que valorize quem está deixando a floresta em pé, corremos o risco de que alguém vá lá e corte. Se a gente remunerar quem preserva, vamos ter mais florestas", defendeu.

Ele ainda falou sobre a relação brasileira com a China. Para o CEO da Datagro, o país asiático é um cliente importante, que tem aumentado o poder de compra e se tornado cada vez mais exigente em relação aos produtos que adquire. O Brasil, se cuidar bem das relações, poderá usufruir disso. Sobre as tensões políticas recentes com a China envolvendo o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), ele também disse acreditar que foi algo "pequeno" se comparado ao bom histórico dos países.

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"A relação com a China e Ásia é relativamente nova, mas que tem se mostrado longeva, o Brasil tem investido bastante para cativar essa região e fornecer produtos. Há uma integração importante. É uma civilização super pragmática, trabalhadora, que está focada em se desenvolver e precisamos trabalhar para que eles encontrem essa fortaleza no Brasil. Acho que o que ocorreu foi muito pequeno perto da relação já existente."

Nastari acredita também que, quando se fala em exportação, o Brasil deveria investir mais em agregar valor aos produtos aqui. Hoje, o país é grande fornecedor de matéria-prima para o mundo. "A gente precisa desenvolver melhor nossa tecnologia aqui. O Brasil é grande exportador de commodities e poderia estar acabando mais os produtos aqui. Mas isso não é uma regra para todos os setores. No setor de energia renovável, o Brasil é o lugar com maior sucesso nessa área. Programa do etanol, biodiesel, biogás, energia solar, eólica, tem bastante oportunidade e a gente tem exportado muito dessa experiência para outras regiões", completou.
 

Assista à íntegra da entrevista:

 
 

Ouça a entrevista em formato podcast:

 
 

*Estagiário sob a supervisão de Fernando Jordão

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