Correio Braziliense
postado em 02/07/2020 04:04
Pelo menos 10 pessoas morreram, no Sul do país, por causa do fenômeno climático conhecido como “ciclone bomba” –– nove em Santa Catarina (uma pessoa segue desaparecida no estado) e uma no Rio Grande do Sul. Na madrugada de ontem, os ventos chegaram a 90 km/h e, pelo menos, 580 mil imóveis permaneciam sem luz até as 13h30, conforme monitoramento da Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc). Na terça-feira, a ventania causada pelo fenômeno, além das tempestades, provocaram estragos em todas as regiões.
Segundo a Defesa Civil de Santa Catarina, uma morte foi em Itaiópolis, uma em Rio dos Cedros e uma em Ilhota. Mais cinco foram na em Tijucas, uma em Santo Amaro da Imperatriz e uma em Governador Celso Ramos, na região da Grande Florianópolis. Uma mulher morreu em Chapecó e até o fechamento desta edição eram realizadas buscas a duas pessoas em Brusque e Tijucas. A Defesa Civil registrou que, dos 295 municípios catarinenses, houve ocorrências em 101. Já no Rio Grande do Sul, um homem morreu soterrado após um deslizamento de terra causado pelo temporal em Nova Prata.
O Marcílio Dias, garantido nas quartas de final do Campeonato Catarinense, teve parte da estrutura do seu campo sintético derrubada. Gelson Silva, coordenador técnico e ídolo do clube, foi atingido na cabeça e levado a um hospital — onde recebeu 15 pontos, mas foi liberado para repousar em casa
O Juventus, de Jaraguá do Sul, foi mais um clube catarinense atingido pelo “ciclone bomba”. Adversário do Figueirense nas quartas de final, o time teve parte do estádio atingido. As fortes rajadas de vento derrubaram telhas e até mesmo um muro na parte superior das arquibancadas.
“Essa intensidade foi porque o centro de baixa pressão estava mais forte e formou um gradiente de pressão muito intenso. Também houve um encontro do ar quente com ar frio”, explicou o meteorologista Francisco de Assis, do Instituto Nacional de Meteorologia.
De acordo com a MetSul Meteorologia, o clima nas regiões Sul e Sudeste mudará nos próximos dias, sobretudo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. A previsão é de queda abrupta na temperatura, com possibilidade até mesmo de nevar no Sul e gear no Sudeste.
No Sudeste, porém, os efeitos serão menores. O ciclone deve apenas tangenciar o estado de São Paulo em sua passagem pela região. Ainda assim, a previsão do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) é de que as temperaturas na capital paulista cheguem a 8ºC entre a noite de hoje e a madrugada de amanhã.
* Estagiários sob supervisão de Fabio Grecchi
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“Bomba” derruba as temperaturas
O ciclone extratropical, ou ciclone bomba, é o conjunto composto por chuvas torrenciais, queda drástica nas temperaturas, ventos de mais de 100km/h e, em alguns casos, até neve. Esse fenômeno é comum nesta época de inverno, porém sem a força verificada no Rio Grande do Sul e, sobretudo, em Santa Catarina. Segundo o meteorologista Francisco de Assis, o ciclone bomba se formou na Argentina e Rio Grande do Sul e passou “por cima” de Santa Catarina. Segundo ele, “o ciclone se deslocou para o Oceano Atlântico, que concentra os ventos fortes, e causará ventania na costa da Região Sul até o litoral do Rio de Janeiro”. A Região Sul ainda terá a ocorrência do ciclone bomba durante o inverno, mas não é possível prever a intensidade. “Geralmente, os ventos ocasionados são na faixa de 60 e 70km/h, e não de 110 e 120km/h. Mas é possível prever a formação dos ciclones deste tipo com cinco ou seis dias de antecedência”, salientou Francisco de Assis
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