Brasil

Dispensa criticada

Correio Braziliense
postado em 07/07/2020 04:24
O presidente Jair Bolsonaro ampliou, ontem, os vetos à legislação sobre uso de máscaras durante a pandemia do novo coronavírus. A republicação no Diário Oficial da União (DOU) veta a obrigação de órgãos, entidades e estabelecimentos de afixar cartazes sobre a forma correta de usar as máscaras e o número máximo de pessoas permitidas ao mesmo tempo dentro do estabelecimento. Parlamentares já se articulam para derrubar a decisão do presidente. Para os especialistas da área de Saúde, a dispensa da obrigatoriedade dos cartazes só fragiliza a resposta do Brasil à pandemia da covid-19. 

Epidemiologista e professor do departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB), Jonas Brant explica que a população fica dividida diante dos diferentes comandos vindos das autoridades. “O fato de esses cartazes não serem afixados e não terem essa mensagem clara sugere que não há alinhamento institucional. Isso gera problemas de comunicação com a população, que acaba vendo diferentes direcionamentos. Isso fragmenta o processo de resposta”, pontua. 

No Congresso, os parlamentares se organizam para tentar barrar os impedimentos feitos pelo presidente. Para invalidar cada uma das decisões de Bolsonaro, são necessários 41 votos de senadores e 257 de deputados federais, ou seja, maioria absoluta das duas casas. Sob o argumento de que os vetos “ignoram a grave realidade porque passa a sociedade brasileira”, a bancada do PSOL na Câmara enviou ofício solicitando convocação imediata de sessão no Congresso para discussão e votação. 
 
“Desserviço”
 
Antes mesmo de discutir e votar, senadores e deputados já indicaram que são contra os vetos. Ex-aliado de Bolsonaro na corrida presidencial, o líder do PSL no Senado, senador Major Olímpio (SP), afirmou que a atitude do presidente é “um desserviço para a sociedade”. “O uso de máscara é uma medida de prevenção das poucas eficazes para evitar a contaminação pelo novo coronavírus. Nós vamos derrubar esse veto no Congresso”, indicou. 

 Parlamentar governista, o vice-líder do Centrão, deputado Fausto Pinato (PP-SP), também defendeu a revisão dos vetos. “Com todo o respeito que tenho ao presidente Bolsonaro, que eu apoio, é importante agora ter prudência. Não podemos deixar proliferar o vírus e precisamos tomar atitudes para minimizar qualquer tipo de contaminação. De certa forma, o Congresso Nacional tem de rever esses vetos do presidente”, avaliou.

 Outra tentativa de reverter os vetos foi articulada após o novo aditamento à lei. Ontem, o líder da oposição, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolou um requerimento à presidência do Congresso, pedindo a imediata devolução do veto parcial. “Bolsonaro nunca está satisfeito em atentar contra a vida das pessoas. Não vamos permitir a continuidade desse projeto genocida”, se manifestou pelas redes sociais. Como argumento, o senador alega que “lei não se veta” e que a retificação deve ser devolvida, perdendo, assim, a validade. 


Prefeito de Manaus é transferido para São Paulo
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), de 74 anos, infectado com coronavírus no último dia 19, embarcou, ontem, para São Paulo, onde concluirá o tratamento no Hospital Sírio Libanês, na capital. O tucano embarcou em uma aeronave alugada ao lado da esposa, Elisabeth Ribeiro, que também contraiu a doença. O político, que estava no Hospital Adventista de Manaus, não irá para a UTI em São Paulo. Ele não chegou a ser entubado, mas tem 30% do pulmão comprometido. O último boletim médico de Arthur Virgílio disse que o paciente está com “melhora global e mantendo o ar ambiente em boa saturação”. Entre abril e maio, o Amazonas registrou um dos mais dramáticos cenários da pandemia e chegou a enfrentar um colapso na saúde. De acordo com o último balanço do Ministério da Saúde, o estado tem 2.938 mortes e 76.424 casos confirmados.

Novo ciclone passa hoje por Santa Catarina
O estado de Santa Catarina se prepara para um novo ciclone extratropical com previsão para hoje. O evento ocorre apenas uma semana após a passagem do “ciclone bomba” que deixou um rastro de destruição e causou pelo menos 14 mortes na Região Sul. O novo ciclone passará por um estado com estruturas e casas ainda bastante abaladas pelo evento da última semana. Os ventos, hoje e amanhã, ficarão entre 60km/h e 80km/h, abaixo da média dos 100 km/h registrados anteriormente. O novo sistema deve provocar chuva especialmente nas regiões do oeste ao sul de Santa Catarina, próximas à divisa com o Rio Grande do Sul. Na noite de hoje e durante o dia de amanhã, o ciclone favorece ventos mais intensos no litoral, com aumento na agitação do mar. A Defesa Civil de Santa Catarina, que é responsável pela emissão dos alertas, informou que o fenômeno ainda está no estágio de observação, o primeiro dos três estágios de acompanhamento de fenômenos climático: observação, atenção e alerta.


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