Brasil

Fiscal humilhado em bar do Rio revela outras agressões durante fiscalização

Flávio Graça disse que, antes da chegada da reportagem, outro grupo quase partiu para a agressão física contra os agentes

Correio Braziliense
postado em 07/07/2020 18:35
Flávio GraçaSuperintendente de Educação da Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses da cidade do Rio de Janeiro, Flávio Graça tornou-se nacionalmente conhecido no último fim de semana, ao ser ofendido por uma mulher que lhe disse que o companheiro era "engenheiro civil, formado, melhor do que você". Porém, a agressão registrada por reportagem do Fantástico, da TV Globo, não foi a única. Em uma entrevista gravada e divulgada pela própria Vigilância, Graça afirma que, durante a fiscalização a um bar da capital fluminense, chegou a ter medo de ser agredido fisicamente.

"Antes dela, tivemos outros rapazes que, por um momento, a gente pensou que fossem nos agredir fisicamente. Eles realmente foram muito mais violentos, muito mais agressivos, antes de a imprensa chegar. E a guarda (municipal, que acompanhava a operação) teve que se portar de uma maneira mais ostensiva para coibir a ação. Eu até falei com eles: 'Olha, vocês se preparem, porque eu acho que a coisa vai chegar às vias de fato', no sentido de eles agredirem a gente. Nunca nós agredirmos eles. Fiquei com medo. A gente tem que se defender e isso é péssimo, porque as pessoas que fazem isso é para desvirtuar a fiscalização, tirar o foco da nossa ação", contou.
 
 

O profissional ainda disse que não se desestabiliza com as ofensas e que entende que os ataques não são pessoais, mas, sim, contra o Estado, o poder público e a lei por ele representados. Professor, com mestrado e doutorado, Graça ainda explicou que usa nas ruas algumas técnicas aplicadas em sala de aula: "Dou aula há mais de 20 anos, convivo com os jovens, e a gente sabe que tem algumas situações que você tem que mostrar sua autoridade, mas sem se trocar com as pessoas".
 
 

Sobre a mulher que o tentou humilhar, Graça afirmou não ter entendido o porquê de ela ter se ofendido com o uso do termo cidadão. "Cidadão é uma pessoa que a gente quer que todos sejam. Ter noção dos seus direitos, seus deveres. Cidadão jamais pode ser uma ofensa. É um elogio. É aquele que cumpre seus deveres e conhece seus direitos", pontuou.

Diante da repercussão da reportagem, a mulher acabou demitida da empresa em que trabalhava. Segundo a Taesa — uma empresa privada de transmissão de energia elétrica — a funcionária "desrespeitou a política vigente na empresa". A demissão foi celebrada por internautas nas redes sociais.

Conscientização

Em relação às aglomerações registradas em bares do Rio de Janeiro — contrariando as recomendações das autoridades de saúde, bem como o decreto municipal que permitiu a reabertura desses estabelecimentos na cidade —, Graça avaliou que falta consciência à população. 

Saiba Mais

"Não falta fiscalização. Falta uma maior conscientização da população quanto ao seu papel. Não adianta, a gente não vai conseguir nunca, nem é o objetivo de nenhum gestor público, ter um fiscal para cada estabelecimento. A verdade é que todos têm que saber qual é o seu papel quanto à questão da saúde pública, principalmente no intuito de sairmos dessa pandemia", disse o superintendente. 

De acordo com a Secretaria de Saúde, o estado do Rio de Janeiro tem 121.879 casos confirmados de covid-19 e 10.698 mortes. Líder das estatísticas, a capital concentra 60.596 pacientes diagnosticados e 6.924 óbitos.

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