Correio Braziliense
postado em 09/07/2020 06:00
A automedicação pode trazer consequências graves para a saúde do paciente. De acordo com o Sindicato de Trabalhadores em Farmácias, Drogarias, Perfumarias e Similares do Distrito Federal (Sintrafarma-DF), os medicamentos cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina eram vendidos sem necessidade de receita, mas, devido à pandemia, a prescrição médica passou a ser exigida. “Infelizmente, nem toda farmácia tem acesso a um farmacêutico, porque é caro. Quem é balconista e caixa do estabelecimento fica refém e acaba vendendo os remédios sem o pedido médico. Somos contrários à automedicação dessas composições e de outras, mas não tem como fiscalizar”, alerta José Alves, presidente da entidade.A infectologista Ana Helena Germóglio, do Hospital de Águas Claras, destaca que, mesmo sem comprovação científica da eficácia desses remédios, os profissionais da saúde são livres para prescrevê-los e devem arcar com as consequências. “Qualquer medicamento usado com ou sem pedido médico pode ter efeitos colaterais”, explica.
Farmacêutico clínico do Hospital Anchieta, Vinícius Costa afirma que a automedicação pode mascarar os sinais de algo mais grave. “Algumas medicações podem causar reações adversas em doses normais, imagine sem a orientação de um médico, quando o paciente pode tomar qualquer dosagem. A cloroquina e a azitromicina, por exemplo, podem causar arritmia cardíaca. A ivermectina pode causar tontura e urticária”, diz o especialista.
A psicóloga Roberta Castelo Branco, 34 anos, e o marido, o bombeiro Lauro Castelo Branco, 45, foram diagnosticados com a covid-19, em junho. Antes mesmo de consultar um médico, eles decidiram comprar a ivermectina — remédio usado para tratamento de verme, parasita e ácaro. Só depois, procuraram um médico, amigo da família, para saber a dosagem certa. “Percebi uma grande melhora no outro dia. Me deu mais energia. Fiquei melhor mais rápido”, conta Roberta.
Após obter resultado satisfatório, a psicóloga deu o remédio também aos filhos Miguel, 16, e Lara, 10, como medida preventiva ao coronavírus. Ela ressalta que o medo da evolução da doença leva muita gente a se automedicar e que há vários conteúdos na internet referentes às medicações. “Eu mesma assisti a lives e vídeos com vários médicos falando sobre o protocolo de medicação em caso de suspeita da covid-19”, completa.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.