Brasil

Medo não impede a morte em casa

Correio Braziliense
postado em 11/07/2020 04:12
A pandemia de coronavírus mudou a realidade das cidades. As ruas esvaziaram, os leitos hospitalares encheram para, depois, se tornarem escassos, e o risco de ser contaminado pelo novo vírus está, de fato, no ar que respiramos. Chegando a quase 70 mil mortes, os números exibidos no Brasil assustam não só pelo volume, mas também por situações inusitadas. Entre os casos de óbitos no país, alguns são registrados em casa. Só no mês de julho, quase 3 mil pessoas morreram em domicílio e, destas, 80 devido à covid-19, de acordo com dados do Portal da Transparência do Registro Civil.

No Distrito Federal, por exemplo, os dados apresentados pela Secretaria de Saúde no último dia 8 apontam nove registros de mortes em casa devido ao coronavírus. “Não somente óbitos por covid-19 estão ocorrendo em casa, mas também há aumento do número de óbitos domiciliares no geral”, afirma a infectologista e integrante da Sociedade de Infectologia do DF Magali Meirelles. Ela também acredita que o medo pode ser um fator determinante para tais números.

“Nesse caso, é provável que parte deles tenha ocorrido em pacientes já diagnosticados, que tiveram piora respiratória súbita associada a comorbidades, e que não tenham tido tempo para procurar assistência. Mas parte da população está com receio de procurar os serviços de saúde devido à pandemia, tanto pelo alto volume de atendimentos quanto pelo risco de se contaminarem”, pondera.

Magali orienta que, apesar de a maioria dos casos da doença evoluir de forma benigna, é importante ter um acompanhamento médico e manter a vigilância quanto a sinais de alerta. Ela pontua que os quadros graves costumam ter uma evolução “bifásica”. “O paciente primeiro apresenta um quadro agudo de infecção viral, comum a todos os doentes, muitas vezes com sintomas de vias respiratórias superiores, dores no corpo, febre, fadiga, e até mesmo diarreia”, descreve.

Após esse primeiro momento, os pacientes que desenvolvem o quadro mais grave da doença têm outra sintomatologia. “Alguns desses pacientes apresentam queda da oxigenação do sangue antes mesmo de sentirem a falta de ar”, alerta.

* Estagiária sob supervisão de Fabio Grecchi



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