Morreu ontem o ambientalista, escritor, jornalista e ex-parlamentar Alfredo Sirkis, aos 69 anos. Ele ia para o sítio onde vive a mãe, na cidade de Paulo de Frontim (Região Serrana do Rio), para encontrar-se com o filho, que acabara de chegar dos Estados Unidos, e perdeu o controle do carro que dirigia, no Arco Metropolitano, em Nova Iguaçu. O veículo saiu da pista, se chocou contra um poste e ficou totalmente destruído. Estava sozinho.
Alfredo Sirkis nasceu no Rio de Janeiro, em 8 de dezembro de 1950, filho dos imigrantes judeus poloneses Herman e Liliana Syrkis. Participou de atos contra a ditadura de 1964, inclusive a Passeata dos Cem Mil, em junho de 1968. Integrou a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que praticava ações de guerrilha urbana contra o regime, incluindo sequestros de diplomatas –– como o dos embaixadores da Suíça, Giovanni Enrico Buscher, e o da então Alemanha Ocidental, Ehrenfried von Holleben.
Em 1971, se exilou no Chile, na Argentina e em Portugal. Voltou ao Brasil em 1979, beneficiado pela Lei da Anistia. Autor de nove livros, ganhou o Prêmio Jabuti de 1981 por Os Carbonários (1980), no qual contou sua trajetória dentro da VPR e o dia a dia das ações do grupo guerrilheiro. Há poucas semanas, lançou Descarbonário, no qual contou parte da trajetória que construiu como ambientalista.
Na política, exerceu a cadeira de vereador no Rio de Janeiro e também foi deputado federal. Foi um dos pioneiros da proteção ao meio ambiente no Brasil e um dos fundadores do Partido Verde, que presidiu. Nas eleições de 1998, candidatou-se à Presidência da República pelo PV e, anos depois, coordenaria a campanha ao Palácio do Planalto de Marina Silva, ajudando-a a construir a Rede Sustentabilidade.
Reações
Carlos Minc, amigo pessoal e companheiro de militância ambientalista, se confessou “devastado”. “Uma pessoa que se dedicou a vida toda à ecologia, ao clima, aos amigos, uma pessoa tão generosa”.
Marina Silva publicou nota. “Tudo que alcançarmos daqui para frente em relação ao desenvolvimento sustentável, seu legado será parte de tudo isso”, diz um trecho.
O ex-ministro do Meio Ambiente do governo Temer, Sarney Filho, disse: “juntos estivemos na luta pelo desenvolvimento sustentável, no combate às mudanças climáticas”.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) tuitou afirmando que estava “foi meu colega na Câmara e de diferentes lutas políticas no Rio. Um defensor ferrenho do Meio Ambiente”.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também se manifestou: “O Brasil perdeu, sem dúvida, um dos seus grandes ativistas na luta pela preservação do meio ambiente”, tuitou.
Ciro Gomes, ex-ministro e ex-presidenciável, disse que Sirkis “neste momento de tantos ataques à natureza, aos povos tradicionais e ao nosso país, fará grande falta”.
*Estagiária sob supervisão de Fabio Grecchi
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