Brasil

"Minimizam horrores": comunidades judaicas repudiam declaração de Yamaguchi

Segundo a avaliação de representantes, comparações como as feitas por Nice Yamaguchi são infundadas

Correio Braziliense
postado em 12/07/2020 18:05

mulher falandoOs comentários da médica Nise Yamaguchi comparando o pânico gerado diante da pandemia à história das vítimas do Holocausto foram rechaçados por entidades representativas de comunidades judaicas. A Confederação Israelita do Brasil divulgou, neste domingo (12/7), uma nota conjunta com a Federação Israelita Estado São Paulo repudiando a fala. 

 

“São deploráveis as declarações da médica Nise Yamaguchi comparando a tragédia do Holocausto, que causou a morte de 6 milhões de judeus inocentes, além de outras minorias, com a atual pandemia do coronavírus”, criticam as entidades. 

 

Segundo a avaliação dos representantes, comparações como esta são infundadas, “minimizam os horrores do nazismo e ofendem a memória das vítimas, dos sobreviventes e de suas famílias”, explica. 

 

A crítica se refere a uma declaração feita por Nise durante uma entrevista à TV Brasil, veiculada no domingo passado. Na ocasião, ela fez uma analogia do medo da população à pandemia à situação dos judeus na época do holocausto. 

 

"O medo é prejudicial para tudo. Em primeiro lugar, te paralisa, te deixa massa de manobra. Qualquer pessoa, você pega... Você acha que alguns poucos militares nazistas conseguiriam controlar aquela massa de rebanho de judeus famintos se não submetessem diariamente a humilhações, humilhações e humilhações, tirando deles todas as iniciativas?", comparou a pesquisadora, com a tentativa de pregar um viés otimista para o enfrentamento da crise de saúde.  

 

O discurso também foi considerado ofensivo pela direção do Hospital Israelita Albert Einstein, que abriu uma apuração junto ao comitê de ética institucional e afastou a médica das atividades. Até a conclusão da análise, ela não pode dar entrada a novos pacientes. 

 

Na avaliação de presidente do Albert Einstein, Sidney Klajner, houve banalização da história de sofrimento causada pelos nazistas. “Isso para nós é algo que jamais pode acontecer: uma banalização [da história] em que 6 milhões de judeus que morreram e que a gente convive com várias vítimas, vários sobreviventes e muitos deles fundadores do hospital”, disse ao Correio ao explicar a medida contra a médica. 

 

Por meio de nota da assessoria jurídica, Nise afirmou que não houve negou conduta antissemita e se desculpa por “interpretações errôneas” em analogia de pandemia ao Holocausto.  

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