Brasil

Relatório com dados de cinco estados analisa racismo em operações policiais

A publicação Racismo, motor da violência foi divulgada nesta terça-feira (14)

Correio Braziliense
postado em 14/07/2020 11:47
A publicação Racismo, motor da violência foi divulgada nesta terça-feira (14)Foi divulgado nesta terça-feira (14/7) o relatório Racismo, motor da violência, realizado pela Rede de Observatórios da Segurança. O monitoramento de cinco estados brasileiros — Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo — resultou no boletim, que analisa mais de 12.500 registros de eventos relacionados à segurança pública e à violência nessas localidades. “Apesar da desigualdade inaceitável que esses números revelam, um impressionante silêncio sobre o tema racial tem prevalecido na mídia e no debate público”, avalia o texto, que ainda alerta que: “O monitoramento resultou em 12.559 registros — dos quais apenas 50 relacionados ao racismo e à injúria racial”.

Na publicação, os dados levantados tratam sobre policiamento, feminicídio e violência contra a mulher, violência letal e sistema penitenciário e socioeducativo. O levantamento reuniu informações a partir do acompanhamento diário de sites, portais noticiosos, jornais, perfis de redes sociais e grupos de WhatsApp. “De 1º de junho de 2019 a 31 de maio de 2020, os pesquisadores dos cinco observatórios que formam a Rede esquadrinharam veículos jornalísticos e as redes sociais em busca de relatos sobre ocorrências relacionadas à segurança pública e à violência”, diz na publicação. 

Analisando os dados obtidos ao longo do período de um ano, o levantamento constatou que as ações de policiamento foram as mais numerosas, representando 56,2% do total. Foram 7.062 ações policiais monitoradas nos estados. Deste total, 2.772 no Rio de Janeiro; 2.210, em São Paulo; 1.015, na Bahia; 707, no Ceará; e 358, em Pernambuco. “Em 7062 registros sobre ações policiais, houve 1 menção à palavra negro ou negra. As palavras racismo e racial não foram mencionadas”, pondera o material. A segunda maior estatística é de eventos envolvendo armas de fogo, que representaram 12,4% do total. 

O número de mortos registrados em operações policiais foi de 984 pessoas. Destas, 483 no Rio de Janeiro; seguido ela Bahia, que teve 260 mortos.O terceiro lugar fica com São Paulo, onde 207 pessoas foram mortas nessas ações. “Ações de policiamento são os eventos mais monitorados pela Rede. Diariamente operações policiais violentas resultam em mortos e feridos e impactam o dia a dia dos moradores de favelas e periferias”, explica. 

O levantamento ainda aponta dados sobre a violência contra a mulher. “Ao longo de doze meses, a Rede monitorou 1.314 violências contra mulheres, como feminicídios, agressões físicas e violência sexual”, informa o texto. Do total, 38,3% dos casos foram relativos a tentativa de feminicídio ou agressão física, seguido por 33,7% dos casos registrados serem de feminicídio. “Boa parte delas ocorreu nos domicílios das vítimas e foi motivada por brigas e términos de relacionamento – uma evidência do quanto o machismo reproduz a violência. Apesar do grande número de casos, são raras as informações sobre a raça/cor das vítimas”, complementa. 

Saiba Mais

O material ainda cita casos que marcaram o período, como o do dia 1º de dezembro, quando a polícia fez uma ação contra o “Baile da DZ7”, que ocorreu em Paraisópolis, Zona Sul de São Paulo. Outro caso citado é o de Miguel, em Tamandaré, Pernambuco, em que o menino caiu do nono andar após a primeira-dama do município, Sari Corte Real, deixar o menino sozinho no elevador do condomínio de luxo. O caso do jovem João Pedro Mattos, que foi morto em uma ação policial dentro de casa, em maio deste ano também foi lembrado como um episódio que provocou enorme indignação.

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