Brasil

Com quadro de desidratação, cacique Raoni está internado no MT

Inicialmente, acreditou-se na possibilidade do cacique ter contraído o novo coronavírus, mas o teste de detecção da doença deu negativo

Correio Braziliense
postado em 18/07/2020 18:36
O cacique Raoni é uma das figuras mais emblemáticas na luta pelos direitos indígenasO cacique Raoni Metuktire, figura emblemática da resistência indígena no Brasil, foi internado neste semana com um quadro de desidratação, mas deu negativo para covid-19 e se encontra "estável", informou neste sábado (17/7) a ONG francesa Planète Amazone.

Raoni "começou a ficar doente há 15 dias, com febre, diarreia e vomitando" e, "há dois dias, foi levado de avião de sua aldeia até o hospital de Colíder", a 648 km de Cuiabá, no Mato Grosso, explicou à AFP Gert-Peter Bruch, presidente da ONG, que coordena a atividade internacional do cacique.

De início, acreditou-se na possibilidade do cacique ter contraído o novo coronavírus, mas o teste de detecção da doença deu negativo. O líder indígena se encontra "estável" e recuperou o apetite, de acordo com Bruch, que explicou que o chefe da etnia Kayapó, com mais de 90 anos de idade, ficou debilitado após a morte da esposa, no fim de junho.

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O falecimento da esposa, vítima de um derrame cerebral, "afetou muito o ânimo" do cacique Raoni, descreveu.

Famoso pelos coloridos cocares de plumas e o grande disco inserido no lábio inferior, Raoni viajou o mundo nas últimas décadas para aumentar a consciência sobre a ameaça que a destruição da Amazônia representa para os povos indígenas.

Desde que o presidente Jair Bolsonoro assumiu o poder, em janeiro de 2019, Raoni redobrou as denúncias de ataques contra os povos nativos do Brasil.

Em entrevista recente concedida à AFP, Raoni afirmou que Bolsonaro quer "se aproveitar" da pandemia para impulsionar projetos que ameaçam os povos indígenas, que têm um histórico de vulnerabilidade a doenças externas.

Mais de 16.000 indígenas foram contaminados e 535 morreram por causa do novo coronavírus no Brasil, segundo a Articulação de Povos Indígenas do Brasil (APIB). Os dados causam temor entre os cerca de 900.000 indígenas que vivem em diferentes regiões do Brasil.

Outro líder indígena emblemático do país, o chefe Paulinho Paiakan, morreu em junho depois de ser contaminado pela covid-19.

Mais de dois milhões de pessoas foram contaminadas e mais de 77.000 faleceram de covid-19 no Brasil.

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