Brasil

Modelo ideal de retorno às aulas gera debate entre especialistas do país

Ainda em debate, a reabertura das escolas pelo país exigirá planejamento e preparo para evitar infecção descontrolada. No ensino superior, começa a movimentação pelo retorno nas universidades, que será remoto, no primeiro momento

Correio Braziliense
postado em 19/07/2020 06:50
Ainda em debate, a reabertura das escolas pelo país exigirá planejamento e preparo para evitar infecção descontrolada. No ensino superior, começa a movimentação pelo retorno nas universidades, que será remoto, no primeiro momentoA volta às aulas é um assunto delicado em meio à pandemia que atinge o Brasil. Apesar das ressalvas dos especialistas, a movimentação pelo retorno do ensino presencial começa a acontecer em alguns locais. A perspectiva assusta alguns pais e preocupa médicos. Outro ponto que ainda não ficou claro são os protocolos estabelecidos para o retorno. Segundo o Ministério da Educação (MEC), além de um parecer elaborado pelo Conselho Nacional de Educação e homologado no início de junho, foi divulgado um Protocolo de Biossegurança para o retorno às escolas.


No protocolo divulgado fala-se em distanciamento social seletivo, e o texto ressalta a importância de se cumprirem os protocolos de biossegurança para garantir a eficiência do isolamento. “O conceito de biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, visando a saúde do homem, dos animais, a preservação do meio ambiente e a qualidade dos resultados”, informa a cartilha preparada pelo MEC.


Saiba Mais

Recentemente, o Conselho Nacional de Educação aprovou um parecer que apresenta orientações para a retomada das atividades de forma gradual. O documento seguirá para ser homologado pelo MEC.


No Colégio Militar de Manaus, os cuidados para a volta dos estudantes também estão sendo pensados com antecedência. Na semana passada, houve uma visita de acompanhamento com o objetivo de verificar a adequação das instalações. Ainda na ocasião, houve um exercício de simulação da entrada dos alunos com participação de soldados do colégio.


Apesar da movimentação, médicos e pais de alunospreocupam-se com o controle das aglomerações entre os estudantes. “Temos de lembrar que estamos dentro de um contexto da comunidade. Se estamos preocupados com o aumento do número de casos, as escolas estão inseridas nesse contexto”, pondera a infectologista Valéria Paes, membro da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal. “O controle em relação às medidas necessárias para evitar o contágio são muito difíceis. Já são difíceis para os adultos, para as crianças a situação é bastante complicada.”


Esse também é receio da médica Daniela Louro, de 43 anos, que tem dois filhos, um menino de 9 anos e uma menina de 11. “Como mãe e médica, tenho muito medo da volta às aulas presenciais no DF. Acho difícil manter o distanciamento social entre crianças durante o período na escola, além da pouca idade e maturidade para o adequado uso das máscaras e a correta higienização das mãos”, avalia. “Embora ambos sejam orientados em relação ao coronavírus e como evitar contrair a doença, é difícil seguir à risca as orientações.”


Mesmo com todas as medidas de segurança, há risco de contágio, Valéria Paes. “Até o gesto de beber água pode ser perigoso. Esse retorno vai requerer muita gestão e organização”, diz. “As crianças podem adquirir o vírus e apresentarem sintomas leves, porém, acabam fazendo parte da cadeia de transmissão”.

 

Cuidado com os olhinhos

“A minha principal preocupação são as crianças abaixo de 7 anos, que vão ter mais dificuldade de manter o uso da máscara de forma adequada, um período prolongado na escola, e elas vão ter dificuldades de manter o distanciamento social pelas brincadeira, como pique-pega”, pontua o Dr. Tiago Ribeiro, oftalmopediatra do visão hospital de olhos. O médico destaca a importância do cuidados com os olhos. “O covid pode ter contágio pelos olhos, além de outras doenças, como a conjuntivite, que podem surgir. Então temos que orientar ao máximo nossos filhos a não colocar a mão nos olhos”, explica. 

 

“O problema é que nessa época seca os olhos ficam mais ressecados, o que pode deixar irritado ou com coceira, e a criança acaba levando as mãos aos olhos”. Como saída, o médico recomenda  manter a hidratação com orientação médica, pois não são todos os colírios que são adequados para essa lubrificação dos olhos das crianças. “Para as crianças que já usam óculos, o ideal é chegar em casa ou até antes de sair da escola, fazer a higienização. Lembrando que não se passa álcool nos óculos, pois pode estragar a lente. A higienização nesse caso é feita com água e sabão, assim como as mãos”, informa o especialista 

 


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