Correio Braziliense
postado em 21/07/2020 21:42
Em meio ao pior momento da pandemia no Brasil, várias tecnologias têm sido desenvolvidas para frear a contaminação. No último mês, startups e pesquisadores brasileiros anunciaram o desenvolvimento de tecidos capazes de inativar o vírus. As avaliações em laboratório indicaram que um dos tecidos, com micropartículas de prata na superfície, tem a capacidade de eliminar 99,9% dos vírus vivos após um contato de dois minutos. A empresa responsável pela pesquisa foi a Nanox, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O tecido produzido na Nanox é uma mistura de poliéster e algodão com micropartículas de dois tipos que ficam impregnadas na superfície. As micropartículas do tecido pay-dry-cure são fixadas usando um processo de imersão, seguido de secagem e fixação. A empresa já produzia tecidos com nanotecnologia que, além de terem ação antibacteriana e fungicida, seriam capazes de controlar calor e até repelir insetos, como o Aedes aegypti.
O desenvolvimento da tecnologia contra o vírus foi feito com colaboração entre pesquisadores Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela Fapesp, Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e da Universitat Jaume I, da Espanha.
A partir de amostras de tecidos, com e sem as micropartículas, os pesquisadores testaram o efeito do material em contato com o SARS-CoV-2 (novo coronavírus). Confirmada a eficácia, ainda houve testes para avaliar se haveria algum risco do material causar problemas dermatológicos – o que foi descartado.
À Agência Fapesp, Luiz Gustavo Pagotto Simões, diretor da Nanox, disse que o pedido de depósito de patente já foi feito e que a Nanox tem parceria com duas tecelagens brasileiras que deverão utilizar o material para fabricação de roupas hospitalares e máscaras de proteção. Os pesquisadores ainda avaliaram que o tecido continua com as propriedades bactericidas mesmo após 30 lavagens e que as micropartículas podem ser aplicadas em qualquer tecido que seja composto da fibras naturais e sintéticas. Agora, a pesquisa avança para testar se as micropartículas podem ser incorporadas e se são eficientes em outros materiais.
Já o material produzido pela também brasileira Insider é também uma tecnologia que vinha sendo produzida antes da pandemia. Esse tipo de tecido é comum em roupas esportivas, roupas de banho e peças íntimas. De acordo com as informações do site da empresa, as peças proporcionam mais conforto ao longo do dia e facilitam a respiração.
“Ao reduzir a prata em escala nanométrica, seus poderes germicidas aumentam. Foi assim que a marca criou máscaras e camisetas antivirais, que protegem de 660 tipos de micro-organismos”, informa a Insider, que trabalha com a produção de peças a em que as partículas de nanoprata são incorporadas às peças durante a produção dos tecidos.
Com essa tecnologia, informa a startup, o tecido antimicrobiano produzido neutraliza os vírus e bactérias. “Por exemplo, uma máscara feita de pano protege da contaminação direta. No entanto, ao retirá-la, é possível se contaminar, porque o tecido acumulou micro-organismos. Isso não acontece com os tecidos inteligentes, porque eles atuam na desativação do organismo, deixando de ser um meio de infecção”, esclarece a Insider.
A comprovação da eficácia da tecnologia da Insider veio por meio de testes realizados na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que teria apontado que o material neutraliza o novo coronavírus em até 5 minutos.
Eficácia segundo especialista
Saiba Mais
Sobre as roupas comuns do dia a dia, a infectologista diz que elas também podem estar contaminadas com o vírus, mas que não possuem potencial de atravessar da roupa para o corpo. “O vírus não atravessa do pano para a pele, pois a forma de transmissão é por gotícula, ou seja, de transmissão respiratória” explica. Ela complementa que as roupas e demais superfícies precisam de atenção porque há possibilidade de contaminação da mão, que posteriormente pode ser levada à boca, olhos e nariz. Para higienizar roupas, segundo Joana D'arc, água e sabão é o suficiente.
Ela ressalta ainda que nos hospitais, profissionais da saúde usam roupas privativas e que são apenas usadas e lavadas no próprio ambiente. “As roupas de uso hospitalar geralmente são higienizadas no lugar, porque é o ideal, pois assim não se leva nada para casa. No local de trabalho, há uma carga viral e bacteriana maior” completa.
* Estagiários sob a supervisão de Vinicius Nader
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