Brasil

Aulas põem 9,3 mi em risco

Correio Braziliense
postado em 23/07/2020 04:16

Mais de nove milhões de brasileiros com comorbidades podem ficar mais expostos ao novo coronavírus com a retomada das aulas presenciais. A informação vem de um levantamento feito pela Fiocruz com base na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) junto com o Laboratório de Informação em Saúde (LIS) da Fiocruz. No início de julho, o Ministério da Educação (MEC) divulgou as diretrizes para a retomada das aulas presenciais. Até ontem, pelo menos nove estados e o Distrito Federal já discutiam o retorno da rede pública nos próximos dois meses.


De acordo com o sistema intitulado Monitora-Covid, o número de adultos e idosos com diabetes, doença do coração ou doença do pulmão e que moram com crianças e adolescentes em idade escolar, entre três e 17 anos, chega a 9,3 milhões (4,4% da população do país). “Se 10% dessas pessoas (que integram o grupo de risco) tiverem um caso grave da doença, a gente vai precisar de quase um milhão de leitos e atendimentos. Isso vai aumentar a pressão sobre o sistema de saúde e pode até levar à morte alguns milhares de idosos”, projeta Christovam Barcellos, coordenador do Monitora-Covid e vice-diretor do Icict/Fiocruz.


Para o especialista, a volta às aulas apresenta um risco que deve ser ponderado. “Talvez, a retomada seja adequada em estados que, comprovadamente, têm uma tendência de declínio sustentável de várias semanas. Não seria em agosto. Nenhum estado hoje em dia pode considerar que já baixou o ritmo de contaminação para retomar em agosto”, afirma.


“O que temos percebido é que os idosos ao longo desses últimos meses se protegem mais. Eles tentaram permanecer em casa no isolamento muito mais que os adolescente e adultos”, continua. “Se provocarmos esse curto-circuito de uma pessoa que foi para a rua voltar para casa infectada, ela pode expor esses idosos e portadores de doenças crônicas.”

Leitos de UTI

O médico Hemerson Luz reforça que cada situação deve ser avaliada individualmente, pois cada estado apresenta uma realidade. Como principal ponto, além do aumento do número de casos, está a disponibilidade de leitos de unidade de tratamento intensivo (UTI), segundo ele. “Esse é o grande marcador que terá influência na taxa de letalidade”, explica o especialista. “O que não pode acontecer é o paciente ficar sem possibilidade de tratamento intensivo. Então, essas decisões de reabertura são acompanhadas da leitura da taxa de ocupação das UTIs e, caso ela fique muito elevada, acima de 70%, teria que fechar novamente”, analisa.

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