Correio Braziliense
postado em 24/07/2020 04:13
Sem sequer apresentar uma queda sustentada do número de casos do novo coronavírus, parte do Brasil começa a vivenciar uma segunda onda de infecções. É o que aponta o Boletim InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em análise referente ao fechamento da semana epidemiológica 29. A pesquisa mostrou aumento de novos casos no acumulado dos sete dias no Amapá, Maranhão, Ceará e Rio de Janeiro, unidades da federação onde já se observava um declínio da curva.
Após atingirem um pico de infectados e mortos pela covid-19 e começarem a diminuir a quantidade de novos registros, os quatro estados tiveram aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG). “Os dados de SRAG continuam sendo fortemente associados à covid-19, uma vez que, entre os casos com resultado positivo para os vírus respiratório testados, 96,7% dos casos e 99,1% dos óbitos retornaram positivo para o novo coronavírus”, explica o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes.
Em todos os estados, o número de novos casos semanais continua acima dos valores considerados muito altos, ou seja, a mais grave das quatro etapas de incidência (separada em zonas de êxito, segurança, alerta e de risco). No entanto, o país vive diferentes situações da epidemia e, por isso, é preciso ter em mente que avaliar o Brasil em uma só curva pode comprometer as análises por localidade, explica o especialista. “A situação nas regiões e estados do país é bastante heterogênea. Portanto, o dado nacional não é um bom indicador para definição de ações locais.”
O novo boletim do InfoGripe avaliou que em toda a região Norte houve uma manutenção de queda consecutiva desde o pico registrado em maio. A exceção é Tocantins, que apresentou estabilização após crescimento; e Amapá, com retomada do crescimento. No Centro-Oeste, o sinal é de queda leve, mas a situação por estados é bastante heterogênea. Enquanto em Goiás há indício do início de queda, as demais unidades federativas mantiveram a tendência inalterada. O Distrito Federal, por exemplo, indica a chegada ao platô.
Cenário diverso da epidemia nos estados também é notado no Nordeste. Houve confirmação de tendência da retomada de crescimento de casos no Maranhão e no Ceará; e de estabilização, após período de queda, na Paraíba. Na Bahia, o esperado declínio não se confirmou, sendo observado um platô.
Já o Sudeste mostra leve crescimento, em valores similares ao pico observado ao fim de abril. Minas Gerais confirmou sinal de estabilização após o período de crescimento e Rio de Janeiro confirmou sinal de retomada de crescimento. Já o Espírito Santo tem sinal de possível estabilização, assim como São Paulo. Ontem, no entanto, o estado paulista voltou a ter grandes números de novos registros de infectados, com mais de 12 mil novas confirmações, o que pode acabar mudando o curso de provável diminuição para um incremento semanal no fechamento da 30ª semana.
Região Sul
No Sul, o sinal é de crescimento e a possível estabilização esperada não se confirmou. Ontem, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, voltou a afirmar que esse aumento de casos no Sul do país ocorrerá independentemente da preparação feita pelos estados. Ele indicou que esse crescimento ocorre por conta do clima, um dos pontos que, segundo o ministro, influencia na curva de infecção da doença. O general está em visita à região desde o início da semana. Ontem esteve no Paraná, mas já passou por Santa Catarina, que vem apresentando recordes de casos da doença, e pelo Rio Grande do Sul.
“A curva de contaminação depende de muitos fatores. Estamos no inverno, que é o momento mais crítico para as doenças por contaminação de vírus. O Paraná e seus municípios vêm tomando todas as medidas que têm que tomar, mas a curva tende a crescer porque neste momento estamos no inverno no Sul”, afirmou o ministro, em coletiva de imprensa. (BL e MEC)
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