Brasil

Isolamento social salvou 118 mil vidas em um mês, estima estudo da UFRJ

Às vésperas de completar cinco meses de pandemia da covid-19, país registra 1.156 mortes pela doença em 24 horas, batendo a marca de 85 mil. Segundo estudo da UFRJ, o confinamento preservou cerca de 118 mil vidas somente no mês de maio

Correio Braziliense
postado em 25/07/2020 07:00

Paciente é atendido em Hospital Espanhol, em Salvador. Ocupação das UTIs na capital se mantém abaixo dos 75%Pelo terceiro dia consecutivo o Brasil registrou mais de 50 mil casos do novo coronavírus e mais de mil mortes pela doença em 24 horas. Com acréscimo de 55.891 infecções e 1.156 óbitos, o país possui 2.343.366 de infectados e 85.238 vidas perdidas pela doença. Os números apresentados, ontem, pelo Ministério da Saúde assustam, mas poderiam ser ainda piores, caso os estados não tivessem feito isolamento social. Segundo um estudo publicado pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o número de infectados poderia chegar a 13 milhões, matando um total de 118 mil brasileiros sem as medidas de restrição social.


A pesquisa reforça que o distanciamento tem efeito significativo na taxa de contágio da covid. “A elevação do isolamento reduz a taxa de transmissão do novo coronavírus de forma significativa e mais que proporcional”, diz trecho do estudo. O coeficiente da relação entre o isolamento social e a transmissão do vírus indicou, por exemplo, que cada elevação de 1% na quarentena tende a reduzir em 37% a taxa de crescimento da transmissão.


Apesar de ter reduzido o número de mortes, os pesquisadores afirmam que mais rigor “tenderia a elevar consideravelmente essa eficiência do isolamento social”. “O número de óbitos no Brasil em um mês, no cenário provável, seria cinco vezes maior sem as medidas restritivas, o que indica um isolamento pouco eficiente”, relata o estudo. Na Europa, por exemplo, estimativas publicadas na revista científica Nature atestaram que o número de mortes seria 25 vezes maior se não fosse o conjunto de medidas não farmacológicas adotadas.


Ontem, em coletiva de imprensa, o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, voltou a dizer que cada autoridade pública deve definir como fica o afastamento social. “O Brasil tem cenários diferentes e momentos diferentes, isso requer das autoridades locais a decisão quanto aos afastamentos sociais necessários. Cada cidade, cada estado, o gestor precisa tomar essa decisão e está fazendo”, afirmou.


Na última quinta-feira, o general disse que “não cabe ao ministro executar essa ou outra medida de isolamento social”. A afirmação foi uma resposta sobre o porquê de o Ministério da Saúde não seguir as orientações técnicas do Comitê de Operações de Emergência (COE), que alertou que sem as medidas de isolamento social os efeitos da pandemia irão durar por até dois anos no Brasil.

Região Sul

Sem um isolamento social efetivo e com a retomada das atividades não essenciais em diversos estados, o contágio segue crescendo. No Sul do país, os números chamam a atenção. Os estados da região, que, no início da pandemia, figuravam entre aqueles com menos ocorrências sobem no ranking, todos com mais de 2 mil novos registros diários. Entre quinta-feira e sexta, foram mais de sete mil novos infectados e 123 mortes em decorrência da covid.

 


O estado com maior número de mortes foi o Paraná, com 53 vidas perdidas, totalizando 1.598. No Rio Grande do Sul, o acumulado de fatalidades é de 1.494, sendo 38 registradas ontem. Apesar de ser o estado com o maior número de casos entre os três, Santa Catarina acumulando menos vidas perdidas, 844. Dos 186.283 casos confirmados na região, 65.017 são em SC; 64.259, no PR; e 57.007, no RS.

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