Brasil

Cuidados redobrados

Correio Braziliense
postado em 03/08/2020 04:12
O músico Sávio Lobato é deficiente visual e enfrentava dificuldades com o transporte muito antes de o novo coronavírus aparecer. Agora, o risco de contágio está em cada passo de Sávio. “Como não enxergo, meu maior desafio é que tenho de pedir auxílio nas paradas para identificar meu ônibus”, afirma. Segundo a oftalmologista Glaucia Matos, do Visão Hospital de Olhos, “durante a pandemia, essas particularidades cotidianas do deficiente visual, tal qual a exploração tátil, os deixam mais vulneráveis ao risco de contaminação. Além disso, nem sempre eles sabem se estão mantendo uma distância segura das outras pessoas na rua”.

Lobato conta que passou a evitar os ônibus, sempre que possível. “O isolamento também diminuiu o número de pessoas nas ruas e, para a gente conseguir ajuda no transporte ou mesmo atravessar a rua está bem mais difícil”, lamenta. Como forma de se proteger, o músico tem lançado mão de aplicativos para pedir carros com motorista. “Estou fazendo, por exemplo, para ir ao trabalho, que é perto de minha casa”, conta. 

Corrente do bem
Com ou sem pandemia, pessoas com deficiência precisam contar com a solidariedade de desconhecidos para atravessar a rua ou embarcar no transporte público. “Daí a importância de todos manterem as precauções e higiene”, pontua a oftalmologista Glaucia Matos.

Logo que a pandemia começou, as redes sociais encheram-se de bons exemplos de pessoas se oferecendo para ajudar os idosos. Aproveitando o gancho, Fernando Rodrigues, deficiente visual, professor de braile e presidente do Instituto de Promoção das Pessoas com Deficiência Visual, teve a ideia de tentar ampliar a solidariedade. 

“Observei que não tinha nenhum grupo para ajudar pessoas com deficiência visual. Aí, resolvi criar uma rede de voluntários e comecei a divulgar. As pessoas começaram a se inscrever para ajudar deficientes a ir ao mercado, à farmácia, levar ao hospital e fazer algumas transações bancárias virtuais, já que a maioria dos serviços virtuais não é acessível (aos deficientes)”, relata. “Cada vez aparece mais gente para contribuir”, diz Fernando. “Temos voluntários em cada cidade do DF e até no Entorno, como em Formosa e em Águas Lindas.” (RR)

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