Correio Braziliense
postado em 03/08/2020 04:12
“Os colégios militares estão prontos”
O Sistema Colégio Militar do Brasil está preparado para retomar as aulas presenciais. Tendo como base o ensino a distância adotado nacionalmente e a retomada das atividades presenciais na unidade da Manaus, as escolas aguardam a liberação do governo de cada unidade da Federação. “Essa é uma situação que está diretamente vinculada ao que for definido pelas autoridades sanitárias locais. Os colégios militares estão prontos para retornar às atividades presenciais de forma gradual, com segurança e efetividade”, afirmou o general de Divisão Francisco Carlos Machado, diretor de Educação Preparatória e Assistencial (Depa).
Em entrevista ao Correio, o oficial detalhou como ocorrerá a retomada das aulas nos colégios militares — em Brasília, as atividades na rede pública estão liberadas, de forma escalonada, a partir de 31 de agosto; e, na particular, em 6 de agosto. “Todo o trabalho realizado no EaD visa preparar o aluno para o retorno ao ensino presencial a fim de facilitar o momento de transição, que chegará. O calendário escolar, o formato das avaliações, bem como o conteúdo são os mesmos exigidos para o ensino presencial”, explicou. Confira os principais trechos da entrevista:
Quando começou o EaD no Sistema Colégio Militar do Brasil e como surgiu a iniciativa?
O ano de 2002 marcou o início das atividades do Projeto de EaD do Colégio Militar de Manaus (CMM), que, naquele momento, beneficiava 59 alunos nos estados abrangidos pelo Comando Militar da Amazônia (CMA): à época, Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima. Atualmente, em caráter excepcional, devido à pandemia da covid-19, o EaD do CMM está presente em todas as regiões do país, dando suporte às famílias de militares onde as escolas estão com atividades suspensas ou com severas restrições de funcionamento.
Quais foram os desafios da implementação desse modelo para manter a qualidade do ensino, que é uma marca do Sistema Colégio Militar do Brasil? Algum tipo de conteúdo acaba prejudicado?
No caso do EaD/CMM, um dos principais desafios foi a definição de um modelo, que, até então, não se conhecia, mas que foi sendo configurado com o tempo, superando eventuais dificuldades. Uma dificuldade significativa é o acesso à internet, particularmente em áreas remotas da Amazônia. Em relação ao momento atual, que atinge todos os colégios militares, com a passagem do ensino presencial para o ensino remoto, os principais desafios foram a adaptação rápida de alunos e professores, pois muitos não estavam ambientados ao ensino virtual, e a familiaridade com as ferramentas.
Quais adaptações foram necessárias para atender ao aumento da quantidade de alunos no EaD? Quantos alunos faziam aulas pelo EaD antes da pandemia e quanto passaram a ser atendidos por ele?
Basicamente, em níveis diferentes, todos os colégios militares tinham um ambiente virtual. Então, partimos de uma estrutura existente. Evidentemente, foram necessários ajustes, pois uma ferramenta de apoio transformou-se na principal forma de realização de aulas e de transmissão de conhecimento. Em março, tínhamos 473 alunos atendidos pela seção de EaD do CMM, espalhados pela Amazônia, na fronteira oeste e no exterior. Com a pandemia, todos os colégios do SCMB adaptaram-se rapidamente e, hoje, temos quase 15 mil alunos em atividades remotas em todo o sistema.
Como funciona a reinserção do aluno ao sistema de ensino presencial? Como esse conhecimento prévio ajuda nesse momento de retorno dos alunos às atividades presenciais?
Todo o trabalho realizado no EaD visa preparar o aluno para o retorno ao ensino presencial a fim de facilitar o momento de transição, que chegará. O calendário escolar, o formato das avaliações, bem como o conteúdo, são os mesmos exigidos para o ensino presencial.
O uso de tecnologias deverá ser uma tendência após o momento que o mundo vive? Como isso está sendo pensado dentro do sistema?
A pandemia potencializou tudo isso. Muitas resistências foram quebradas, porque as ferramentas de EaD mostram-se eficazes e, certamente, quando retornarmos à normalidade, não serão mais abandonadas.
No Colégio Militar de Manaus, as atividades voltaram e, antes desse retorno, foram realizadas simulações. Como foram feitas essas simulações e qual a importância desse tipo de ação?
As simulações são realizadas para testar o que foi idealizado e verificar se o planejamento pode ser realizado da forma como foi concebido, bem como levantar oportunidades de melhoria. No caso do Colégio Militar de Manaus, foram planejadas e ensaiadas diversas situações, alinhadas com as recomendações sanitárias das autoridades locais, iniciando com a chegada dos alunos, seguido de uma triagem, realização de orientações iniciais em local aberto e com distanciamento, ocupação das salas de aula (reduzidas à metade de sua capacidade original) e a organização dos discentes para o lanche, o que também passou a ser realizado em área aberta e com distanciamento.
Em alguns locais as aulas estão retornando ou prestes a retornar. Quais as mudanças que o momento requer nesse retorno às atividades presenciais?
Requer muito cuidado e atenção. É fundamental estarmos atentos à situação sanitária e às orientações das autoridades locais. De maneira geral, os cuidados são muito semelhantes, pois seguem um padrão. Limpeza permanente e realização regular de sanitização das instalações, uso de máscaras por todos, redução do número de alunos por sala de aula, triagem na entrada e saída de todos. Os nossos colégios vêm fazendo campanhas nesse sentido, visando o retorno das aulas.
Como está sendo feita a avaliação em relação ao momento que as atividades deverão ser retomadas em cada uma das localidades?
Está diretamente ligado à avaliação e à certificação das condições sanitárias pelas autoridades locais. No caso de Manaus, que voltou às aulas com uma pequena parcela de seu efetivo de alunos em 20 de julho, havia autorização para o retorno de escolas desde 6 de julho. Além disso, há um acompanhamento permanente dos casos de contaminação na localidade, bem como seguem sendo observados com atenção os planejamentos da liberação de atividades por parte das autoridades locais.
Quais os próximos colégios que devem retomar às atividades presenciais?
Essa é uma situação que está diretamente vinculada ao que for definido pelas autoridades sanitárias locais. Os colégios militares estão prontos para retornar às atividades presenciais de forma gradual, com segurança e efetividade.
Existe a possibilidade de as atividades voltarem a ser remotas? Como monitorar se isso será necessário?
Os colégios militares seguem rigorosamente as orientações das autoridades sanitárias locais. No caso de uma regressão do quadro, em que estas autoridades indicarem a impossibilidade de prosseguir com as aulas presencias, estas passarão novamente a ser 100% remotas, sem maiores dificuldades. Cabe destacar que, mesmo os colégios que retornarem, caso de Manaus, por exemplo, seguirão com as modalidades presencial e a distância, permitindo as adaptações com maior rapidez e sem prejuízo pedagógico.
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