O quebra-cabeça cultural do Planalto Central não fecharia de jeito nenhum sem Roberto Corrêa, 56 anos. Com urgência, o músico, professor e pesquisador da viola inaugurou uma série de atitudes e instituições. É dele o primeiro livro sobre viola caipira editado no país (Viola caipira, de 1983). O pioneirismo se repete com A arte de pontear, manual que introduz uma geração inteira no estudo formal do instrumento. Antes disso, em 1985, com o apoio do maestro Carlos Galvão, começou a desenhar um currículo para a viola caipira na Escola de Música de Brasília. É importante lembrar o marco que foi Uróboro, disco de 1994 que praticamente lança a viola erudita.
As façanhas só foram possíveis porque a viola lhe é sina. Morador de Campina Verde (MG), Corrêa veio fazer a vida na capital muito jovem, nos idos de 1975. Estudou física, mas não exerceu. ;Eu me planejei para ser outra coisa, mas a viola me encantou de uma forma. Aí ganho de uma prima um livro de conta-correntes, dizendo que ali tinha umas poesias do meu avô. E fico sabendo que meu avô era um violeiro e tinha sido assassinato por causa de uma moda de viola em Minas;. Finalmente, todos os elementos estavam dados.
E Corrêa não parou mais, virou referência sem deixar de evoluir. Dividiu palco com Inezita Barroso, Zé Mulato e Cassiano, lançou uma dúzia de discos. ;Penso que hoje o grande movimento da música brasileira é o da viola, porque é no Brasil inteiro, no Mato Grosso, no Rio Grande do Sul ; não é localizado como foi o manguebeat e o Clube da Esquina. Posso dizer que tem milhares e milhares de violeiros (que Corrêa teve a chance de mapear no Voa Viola ; Festival Nacional de Viola) e que Brasília tem um papel muito importante nisso: é um ponto irradiador de energia para o instrumento."