Carnaval 2012

Ministra diz que maior preocupação neste carnaval é com abuso de crianças

postado em 18/02/2012 19:01
Brasília - A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, visitou hoje (18), em Brasília (DF), a central de atendimento do Disque Direitos Humanos ; Disque 100. A visita, segundo a própria ministra, faz parte das atividades da Campanha Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, lançada na última quinta-feira (16), em Salvador.

Em função do carnaval, o atendimento foi reforçado, com o reescalonamento dos plantões dos 450 atendentes, analistas, supervisores e monitores de atendimento. A maior preocupação deste período é com as crianças e adolescentes, que ficam mais vulneráveis esta época do ano.

;É muito importante que os conselhos tutelares e a base da rede de proteção estejam funcionando devidamente para que possamos atender às denúncias aqui na central e fazer que a pessoa seja atendida e protegida na cidade de onde partiu a denúncia;, disse a ministra, acrescentando que o objetivo do serviço é ;garantir que a violência cesse;.

Mantido pela secretaria, o serviço é responsável por receber ; 24 horas por dia e gratuitamente ; as denúncias de violações aos direitos de crianças, adolescentes, idosos, portadores de deficiências físicas e de grupos em situação de vulnerabilidade feitas por meio do telefone 100. Entre maio de 2003, quando foi criado, e dezembro de 2010, quando a secretaria restruturou o serviço, o Disque 100 já recebeu, examinou e encaminhou aos órgãos responsáveis mais de 145 mil denúncias.

Em 2011, no entanto, o número de denúncias recebidas quase triplicou em relação a 2010, saltando de 30.544 para 82.281. Segundo o ouvidor nacional dos Direitos Humanos, Bruno Renato Teixeira, o aumento é reflexo direto do aumento da capacidade do Disque 100 de acolher denúncias e de o serviço ter passado a ser mais divulgado.

Há também, durante os festejos carnavalescos, uma maior atenção em relação aos crimes de homofobia. ;Qualquer denúncia será recebida como nos outros dias, mas estamos mais atentos às denúncias envolvendo crianças e adolescentes e casos de homofobia por sabermos que há uma alta vulnerabilidade neste momento;, explicou a ministra.

;A secretaria nacional solicitou a todos os secretários de segurança pública que deem o suporte necessário aos conselheiros tutelares, que estão de plantão. As secretarias de segurança estão comprometidos a preparar uma equipe acolher as denúncias e, acima de tudo, atender o mais rapidamente às vítimas;, disse o ouvidor nacional.

Durante a visita à central, a ministra conversou, por telefone, com um conselheiro de Londrina (PR), a quem uma das analistas informava sobre a denúncia de supostos maus-tratos contra uma jovem de 17 anos recebida ontem (17) à tarde. A jovem estaria sendo agredida por seu próprio marido e o filho do casal estaria exposto às constantes brigas. ;Em um caso como esse podem estar em jogo fatores como agressão física e violência psicológica, suposto abuso sexual [da mulher] e a exposição da criança;, explicou a analista, que, por razões de segurança, não será identificada.

Formada em direito e com pós-graduação em direito penal, a analista há pouco mais de um ano é funcionária da empresa contratada para prestar o serviço de atendimento do Disque 100. ;Após esta experiência aqui, você nunca mais é a mesma pessoa. Você aprende a conviver e respeitar o outro, a não julgar ou ficar com receio de uma pessoa em situação de rua;, disse à Agência Brasil a analista, para quem os casos atendidos mais chocantes foram o de uma senhora que, mantida em cárcere privado, era abusada sexualmente e de uma criança queimada com cigarros por sua própria madrasta.

De acordo com Pedro Costa Ferreira, coordenador-geral do serviço, um analista recebe, em média, R$ 1,5 mil por seis horas de serviço, seis dias por semana. Já um atendente ganha por volta de R$ 800. São jovens universitários, preferencialmente com alguma experiência na área de direitos humanos. Além de submetidos a testes psicológicos, passam por um treinamento que dura, em média, três semanas;. "Nossa presença aqui hoje também serve para tirar da invisibilidade todas essas pessoas e dizer que o Disque 100 funciona com grande dedicação", completou a ministra.

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