postado em 22/02/2012 17:02
No ano que vem, a apuração das notas dos desfiles das escolas de samba deverá ser feita em local fechado e definido pela prefeitura. De acordo com determinação anunciada hoje (22) pelo prefeito Gilberto Kassab, a mudança do local da apuração para um ambiente fechado deverá constar do contrato referente aos desfiles.Segundo o prefeito, havia "uma certa resistência" da Liga das Escolas de Samba Independentes à mudança, mas a entidade não tem interesse da entidade em assumir essa responsabilidade. "Vamos obrigar a realizar a apuração em local fechado, possivelmente no próprio sambódromo. Apenas muda a questão da segurança, não só da apuração, mas de todo o evento.;
Ontem (21), terça-feira de carnaval, a apuração foi interrompida depois que dois jovens invadiram o local onde os votos eram contados e levaram envelopes com notas de alguns jurados. Houve tumulto e os dois rapazes foram presos e autuados em flagrante por dano ao patrimônio público. Horas depois, a Mocidade Independente foi declarada campeã do carnaval de 2012. Kassab reiterou que aguardará a conclusão das investigações da Polícia Civil para tomar as providências devidas.
Para o prefeito, houve falhas na organização e na segurança da apuração. Por isso, Kassab determinou à São Paulo Turismo S/A (SPTuris), empresa de turismo e eventos da capital paulista, que esse detalhe (local da apuração) seja reformulado contratualmente. ;Nossa manifestação é com relação à responsabilidade com a segurança no evento. Até então, essa responsabilidade era, contratualmente, da liga.;
Pela determinação de Kassab, a segurança passará a ser feita pela prefeitura. Caso contrário, não haverá investimento de recursos públicos no carnaval. ;Sou prefeito ainda neste ano, e os recursos para o ano que vem são definidos ainda na minha gestão. Não haverá recursos públicos se for identificada a participação de alguma escola e essa escola continuar na liga;, afirmou.
Kassab ressaltou que a administração pública não tolerará a convivência com escolas de samba que tenham dirigentes envolvidos em episódios como os de ontem no Anhembi ; houve também o incêndio de um carro alegórico de uma das escolas. Ele disse que a prefeitura será implacável e não terá nenhum problema em se afastar da liga, caso as penalidades não sejam aplicadas pela entidade.
Segundo o prefeito, não é a primeira vez que há incidentes em um grande evento no estado, por isso, é preciso analisar cuidadosamente o que houve e quais medidas preventivas podem ser adicionadas ao contrato entre a liga e a prefeitura para evitar esse tipo de problema.
Para ele, a imagem do carnaval paulista não ficou manchada. ;O que vai ficar é a imagem de um belo carnaval apresentado por escolas que se empanharam muito, um carnaval com participação cada vez maior. A questão específica do incidente não está associada ao carnaval, é um caso de polícia, que será tratado por ela. Identificados os culpados, estes serão punidos.;
O presidente da SPTuris, Marcelo Rehder, informou que, se for comprovada a participação de dirigentes de escolas de samba no tumulto durante a apuração, a agremiação poderá ficar até dois anos sem receber recursos da prefeitura. Segundo Rehder, a SPTuris deve começar a analisar logo a mudança no contrato determinada pelo prefeito. ;Ainda não temos nada. O que ele determinou também foi que nós participássemos da segurança do desfile das campeãs, que é o que vamos fazer agora.; As sanções previstas no contrato devem ser aplicadas assim que as investigações policiais forem concluídas, acrescentou.
O major da Polícia Militar responsável pela operação de ontem no sambódromo, Alexandre Gasparian, disse que o trabalho foi bem elaborado e que uma prova disso é a inexistência de vítimas. Gasparian reconheceu, porém, que é preciso estudar novas posturas para o dia da apuração. ;Quem invadiu estava credenciado e autorizado a estar naquele local. Então, é complicado dizer que a agressão não foi impedida. Como impedir uma pessoa que está autorizada pela diretoria da liga a estar ali?;, questionou.
Gasparian destacou que na tarde de ontem 60 policiais faziam a segurança na apuração, número superior ao dos que trabalham em jogos de futebol com previsão de público até 40 mil torcedores. ;O efetivo era mais do que suficiente. Se repararmos nas imagens, perceberemos quantos policiais acompanharam o deslocamento da torcida, lembrando que essa torcida passa quase em frente a uma [torcida de escola] rival;, disse.