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Blocos tradicionais do carnaval candango enfrentam crise para ir às ruas

Blocos que se tornaram sinônimos de carnaval candango, como Pacotão, Baratona, Asé Dudú e Babydoll de Nylon estão sem recursos para desfilar nas festas deste ano

postado em 05/02/2016 06:15

O Asé Dudú já marcou presença no pré-carnaval na Asa Norte e vai sair na Praça do DI, em Taguatinga. Criado em 1987, o bloco fará manifestação contra a intorelância religiosa


Quem desconhece o carnaval de Brasília e vê a extensa lista de blocos que vão desfilar na folia deste ano pode até pensar que a prática de festejar pelas superquadras e eixos da capital é algo recente. Mas basta saber que o mais antigo deles, o Baratona, levou às ruas mais de 20 mil pessoas no ano passado para entender que botar o bloco na rua é algo comum na história brasiliense. ;O público já conhece a nossa festa e sabe que estamos consolidados. Por isso, mesmo com todas as dificuldades, a gente pretende levar alegria;, garante Paulo Henrique de Oliveira, que está à frente do Baratona e do Baratinha, sua versão infantil.

Surgido em 1978, o evento faz parte da Liga dos Blocos Tradicionais de Brasília, entidade que reúne os mais antigos representantes de Momo na capital. De acordo com Paulo Henrique, é esse grupo que não deixa que crise alguma atrapalhe os quatro dias de festa, mesmo que a recessão econômica no Governo do Distrito Federal (GDF) tenha prejudicado, principalmente, os mais antigos. ;Acho que o aumento na quantidade de blocos é algo benéfico, mas não concordo que todos recebam o mesmo tratamento do governo. Afinal, somos nós quem mais levamos as pessoas às ruas;, reclama. O governo disponibilizou R$ 780 mil para garantir estrutura, como banheiros químicos e tendas, para 30 blocos.

Mesmo assim, ele diz que o desfile está garantido e a bandeira da paz será a mais balançada enquanto eles descerem pelo Eixão. O tema já estava escolhido mesmo antes do assassinato do jovem Wesley Sandrikis Gonçalves da Silva, 29 anos, um no dia 30 de janeiro, durante um evento carnavalesco na Funarte. Reforçando o discurso de que o caso foi uma fatalidade, ele garante que todos os organizadores estão a postos para retirar qualquer estigma de violência do carnaval de Brasília. ;A gente sabe que casos como esse podem assustar o folião, mas estamos em contato direto com a Polícia Militar, que nos garantiu efetivo suficiente para a segurança de todos.;

A segurança também é tema de outro dos blocos tradicionais, mas em forma de incentivo à tolerância. O Asé Dúdú, que existe desde 1987, sempre trouxe para a avenida muito mais que batuque. Sendo um grupo que tem como estandarte a divulgação da cultura afro-brasileira, ele pretende também manifestar apoio aos terreiros de candomblé que sofreram ataques em 2015. ;Nossa proposta sempre foi diferenciada, porque nos expressamos a favor da liberdade religiosa. Quem vai ao Asé Dúdú tem esse espírito;, garante Elizabete Cintra, presidente do bloco. Ela explica que, a cada ano, quem vai até a Praça do DI, em Taguatinga, não apenas dança, mas ganha conhecimento sobre cultura negra e religiosidade afro. Somente no ano passado, 15 terreiros foram atacados no DF e Entorno. ;Por isso o assunto não pode sair do nosso repertório;, garante.

Mistura
O caldo cultural tipicamente carnavalesco fica ainda mais evidente em uma cidade como Brasília. Não é à toa que a capital é um dos maiores polos de frevo do país. Quem garante é o pernambucano Romildo de Carvalho Júnior, um dos fundadores do Galinho de Brasília. Mesmo que o gênero musical seja tão presente no Planalto Central, ele assegura: a maior novidade deles em 2016 é mesmo a decisão de ir à rua, já que eles tiveram bem menos dinheiro que confetes. ; Não queremos fazer um arremedo, mas garantir a retomada de um patrimônio cultural imaterial da humanidade, que é o frevo.;

Programação
Sábado
; Galinho ; 202 Sul, às 12h
; Ase Dudu/Mamãe Tagua ; Taguatinga ; Praça do DI, às 16h
; Babydoll De Nylon ; Praça do Cruzeiro, às 13h
; Concentra Mais Não Sai ; 404/5 Norte, às 14h

Domingo
; Pacotão ; 302 Norte, às 12h
; Raparigueiros ; Eixão Sul, às 17h
; Baratona ; Eixão Sul, às 11h
; Menino de Ceilândia ; Ceilândia Centro, às 14h
; Agoniza, Mas Não Morre ; 209/210 Sul, às 14h
; Concentra Mais Não Sai ; 404/405 Norte, às 14
; Baratinha ; Parque da Cidade, às 10h

Segunda-feira
; Galinho ; 202 Sul, às 12h
; Ase Dudu/Mamãe Tagua Taguatinga - Praça do DI, às 16h
; Aparelhinho Setor Bancário Sul, às 14h
; Concentra mas não Sai 404/405 Norte, às 14h

Terça-feira
; Baratinha ; Parque da Cidade, as 11h
; Pacotão ; 302 Norte, às 12h
; Raparigueiros/Baratona ; Parque da Cidade, às 17h
; Meninos de Ceilândia ; Ceilândia Centro, às 12h
; Bloco Santo Pecado ; Orla Ponte JK, às 14h

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