Camila Curado - Especial para o Correio
postado em 06/02/2016 14:59
No primeiro dia de carnaval, a música no Galinho de Brasília, na 201 Sul, já toca desde às 13h, em ambiente bastante familiar. O grupo faz alusão ao bloco pernambucano Galo da Madrugada, considerado o maior do mundo -- ano passado recebeu 2 milhões de pessoas -- traz música e dança típica do Nordeste. O trio elétrico com a orquestra do Galinho deixou a concentração por volta de 18h30 e deu a volta na quadra 201. A apresentação foi encerrada com homenagens ao cantor pernambucano Chico Science, morto em 1997, e à banda Legião Urbana. O som foi desligado às 22h30, meia-hora depois do horário previsto.
De acordo com a Polícia Militar, por volta das 21h, o número de foliões na 201 Sul chegava a 30 mil. Sob o tema "Carnaval Multicultural", os organizadores esperam receber 100 mil foliões no dia de hoje, 20 mil a mais que no ano passado.
Jovens, adolescentes e famílias com crianças compõem o público. O clima esteve pacífico até as 21h, quando três brigas aconteceram e foram controladas pela PM, sem maiores transtornos. Ao longo do dia, segundo a PM, oito pessoas foram atendidas e encaminhadas a hospitais por excesso de álcool e uma pessoa teve um corte no rosto. A previsão é que o bloco acabe às 22h e o público se disperse até a meia-noite.
Um grupo de nove pessoas com placas, camisas e bonés do Detran-DF distribuem panfletos e conversam com os foliões sobre o uso do álcool no carnaval. "Se beber não dirija" e "Não dê bebida para menores de 18 anos" são as principais campanhas que levam para os frequentadores do Galinho.
Por volta das 17h, começou a tocar o frevo no bloco. A primeira música foi o hino de Pernambuco que já puxou para o ritmo do frevo tradicional, instrumental. O bloco demorou para sair devido a problemas com o alvará, que tiveram de ser resolvidos hoje, e uma árvore precisou ser podada para que o trio pudesse passar.
O bloco, próximo ao Setor de Autarquias, mescla os ritmos e a cultura do frevo, bumba-meu-boi, cabocolinho, pastoril, maracatu rural, maracatu nação, papangu, quadrilha e bando de pífanos. Esses estilos estão estampados na camiseta dessa edição do Galinho, criada pelo ilustrador nascido na Ilha de Itamaracá (PÉ), Jô Oliveira. Para conduzir a folia, a festa conta com quatro trios elétricos, um principal é três auxiliares, é um trenzinho com 60 lugares, responsável por transportar principalmente crianças e idosos que venha festejar.
A bandeira principal do Galinho de Brasília é a de Pernambuco, de onde vieram os idealizadores do bloco, que este ano completa 24 anos. As cores do frevo, manifestação originada no estado, estampam a rua acima do Setor de Autarquias. O acesso a 201 Sul pela tesourinha foi fechado às 14h. A partir desse horário, a comercial 201/202 espera para ser ocupada pelos foliões. O motorista poderá ter acesso pelo eixinho na entrada da 203/204 ou pela L2.
A música no carnaval do Galinho de Brasília parou depois das 14h e só retornou de vez duas horas depois. O som acompanha o movimento, que começou a ocupar as ruas por volta das 16h. O ritmo da folia mistura frevo, maracatu e axé.
Entre a multidão, famílias de pernambucanos buscam na festa de Brasília a essência do Galo da Madrugada, de Recife (PE). É o caso da estudante Gabriela Azevedo, 28 anos, que mora em Brasília há dois anos e marcam presença na folia pela segunda vez: "Achamos o Galinho graças a Deus, lembra muito o carnaval de Recife", comenta. Ela veio acompanhada da filha, Gabriela Azevedo, 9, que se fantasiou da personagem da Disney Minnie, e do marido, também estudante, Leandro Agra, 31.
Há foliões que caíram no carnaval pela primeira vez, como o casal de brasilienses Renata Macedo, 34, e Jomar Macedo, 43. Ela, servidora pública, ficou motivada em vir ao Galinho por causa da filha, Maria Luiza Macedo, 5. "Pesquisamos na internet para achar carnaval para crianças", contou a mãe. Ficaram atraídas pela festa que faz alusão ao Galo da Madrugada, de Pernambuco.