A baixa do dólar e a percepção popular da importância de se acrescentar o conhecimento de outros idiomas e outras culturas ao currículo tem levado cada vez mais brasileiros ao exterior por meio de empresas de intercâmbio. De acordo com a Associação Brasileira de Viagens de Educação e Línguas (Belta), a procura por esse tipo de experiência cresce 30 % a cada ano. Somente em 2007, 70 mil pessoas saíram do Brasil para estudar em outro país vinculadas a uma agência associada. A expectativa para 2008 é de 94 mil intercambistas. A gerente da unidade de Brasília da agência de intercâmbio STB, Cynthia Cabral, conta que, nos tempos em que o real era desvalorizado diante do dólar e a moeda americana chegava a custar R$ 3, a maior parte do público que fazia intercâmbio era formado por adolescentes de classe média alta que iam para os Estados Unidos no período do Ensino Médio. ;Agora, com a queda do dólar, pessoas mais velhas, os próprios pais e os idosos, se vêem capazes de juntar um dinheiro para realizar o sonho de conhecer o exterior por pacotes mais baratos até que uma viagem para o nordeste;, comenta a empresária. Para a presidente da Belta, Tatiana Mendes, não só as questões financeiras influenciaram nesse crescimento, mas também uma conscientização mundial. ;As pessoas perceberam que não basta saber um idioma, é preciso ter uma experiência na própria cultura de origem, conhecer outras nacionalidades, trocar informações;, acredita a presidente. ;Os países também entendem que receber estudantes estrangeiros é importante para suas relações internacionais futuras, pois eles são os donos de empresas e os líderes de amanhã;, argumenta. Organização Com a maior procura por intercâmbio, surgiu a necessidade de organizar as agências dessa área em um só lugar, como acontece nas feiras espalhadas pelo país. Durante os últimos meses, a Belta, por exemplo, promoveu uma exposição de educação internacional em seis capitais brasileiras. Na edição de Brasília, a feira reuniu cerca de mil pessoas e 32 instituições de ensino estrangeiras e agências de intercâmbio. Entre o público, adolescentes que sonham em conhecer outros países ainda são maioria, como os estudantes Nathália Evelin de Oliveira e Alison Sousa, de 16 anos, e Layanne Alves Ribeiro, de 17. ;Descobrimos que não são só os ricos que podem fazer isso, existem pacotes acessíveis para qualquer um e vale à pena fazer um esforço;, anima-se Alison Sousa. Já o nutricionista Henrique Braga e o amigo formado em Relações Públicas Fernando Miranda buscam outro tipo de experiência. ;Queremos um aperfeiçoamento do inglês e na nossa própria área, além de uma convivência cultural diversificada;, explica Henrique. ;Sempre quis ir, mas agora posso de verdade, pois não devo nada a ninguém;, diz o amigo. Novos rumos As facilidades para estudar no exterior, com algumas exceções, têm dado abertura para a descoberta de outros destinos. Nas feiras, a grande estrela tem sido a África do Sul, país que tem chamado a atenção pela facilidade de entrada de estudantes e pelo baixo custo de vida. ;É possível ficar lá durante três meses sem visto e sobreviver um mês com somente 400 dólares;, explica a representante da Associação de Língua Inglesa e Viagem da África do Sul (Eltasa), Maria do Socorro Murta. Maria conta que a procura pelo país tem aumentado consideravelmente desde que ele foi anunciado como sede da Copa do Mundo de 2010. ;O mundo está vendo que, ao contrário do senso comum, a África do Sul tem muitas belezas, um povo receptivo, parecido com os brasileiros na alegria, e a segregação racial é cada vez menor;, afirma. Outro país que tem sido alvo de muitos estudantes brasileiros é a China, que cresce econômica e culturalmente diante do mundo. ;De dois anos para cá, a demanda aumentou bastante, pois as pessoas notam que é mais barato estudar mandarim lá que inglês em Nova Iorque, sem contar a experiência cultural;, ressalta o diretor da unidade brasiliense da agência de intercâmbio Experimento, Daniel Sakamoto. Dicas para quem pensa em fazer intercâmbio Verifique quanto você tem de dinheiro, quanto está disponível a gastar e faça uma poupança; Faça um levantamento de que países você gostaria de conhecer e têm a ver com seu perfil; Avalie se o nível de conhecimento que você tem no idioma daquele país é adequado para o que quer fazer; Observe quanto tempo você tem para ficar fora do país e que curso se adapta a esse período; Pense exatamente o que você quer fazer com os conhecimentos adquiridos com a viagem, como ela poderá interferir no seu futuro Procure uma agência de intercâmbio séria que te atenda bem e supra suas necessidades. Próximas feiras Mostra CI de Educação Internacional Brasília ; 25, 26 e 27 de abril Local: Pátio Brasil Shopping
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