postado em 27/04/2008 08:32
Brasília está a três semanas de entrar na lista das cidades brasileiras com mais de um milhão de veículos. Em 23 dias, no máximo, o carro de número 1 milhão ganhará as ruas. Além de Brasília, apenas São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte romperam essa marca. As conseqüências para os motoristas foram desastrosas, em maior ou menor escala, a depender de onde vivem. Além do estresse de ficar horas parado no congestionamento, quem se submete a colocar o carro na rua tem de convier com as restrições. Rodízios, faixas exclusivas para ônibus, cobrança pelo estacionamento em via pública e até proibição de estacionar em determinados locais com grande fluxo de veículos.
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A adoção de medidas restritivas para Brasília já ronda as discussões entre especialistas em trânsito. Mas o governo local descarta qualquer iniciativa nesse sentido a curto prazo. ;Medidas antipáticas só virão em último caso, se o Brasília Integrada não for suficiente para retirar os carros das ruas;, garantiu Alberto Fraga, secretário de Transportes.
O Brasília Integrada - que coordena ônibus e metrô no DF - é um dos quatro projetos com os quais o governo pretende evitar o caos no trânsito da capital. Só com ele, espera-se retirar das vias, diariamente, 30% da frota circulante. Como o Departamento de Trânsito (Detran) estima em 850 mil o número de veículos nas vias do DF todos os dias, pelo menos 255 mil carros deverão ficar nas garagens. As outras três propostas são o Trânsito Inteligente; a revitalização das faixas e a criação da Companhia Metropolitana de Trânsito (leia quadro ao lado).
Fuga
Na capital da República ainda não há congestionamento, dizem os especialistas. Chamam de ;lentidão; ou ;pontos de retenção; o anda-e-pára e a baixa velocidade impostas aos condutores que trafegam por vias como a Epia (entre a Candangolância e o Plano Piloto); a EPTG (Taguatinga-Plano); a BR-020 (entre Planaltina e o Plano Piloto) e nas áreas centrais de Brasília.
Seja qual for o nome, a demora entre o ponto de partida e o de chegada já faz o brasiliense mudar a rotina para fugir do trânsito. Entre eles está o servidor público Denir Mendes Miranda, 42 anos. A irritação com o trânsito foi tanta que ele cronometrou qual o meio de transporte era mais eficiente para percorrer os 5km que separam o apartamento dele, na 112 Sul, do Banco Central, na altura da quadra dois, onde trabalha.
O teste foi há um ano. De carro, gastou até 40 minutos. De ônibus, 7 minutos se desse a sorte de chegar à parada e embarcar. De bicicleta, o tempo médio é de 25 minutos. Apesar de o intervalo ser maior que o do coletivo, a autonomia e a liberdade falaram mais alto e é sobre duas rodas que Denir vai trabalhar. ;Não pego engarrafamento, não tenho de procurar vaga e ainda economizo até R$ 200 por mês;, enumerou o ciclista.
Paralelamente às medidas para melhorar o tráfego da cidade, o Detran fará campanhas incentivando outras pessoas a seguirem o exemplo de Denir ou a usarem o transporte público. ;Com o Brasília Integrada teremos transporte limpo, rápido e mais barato. Aí teremos argumentos para incentivar a migração;, comentou Délio Cardoso, diretor-geral do Detran. Pelas contas da Secretaria de Transportes do DF, de cada 10 carros, sete transportam apenas o motorista.
Câmeras
O Detran também pretende colocar 122 câmeras e 22 painéis eletrônicos em pontos estratégicos do DF. As imagens captadas pelos equipamentos serão transmitidas em tempo real para uma central de monitoramento. Os agentes vão localizar os pontos de retenção ou de acidentes no momento em que eles ocorrem. Imediatamente, mandarão mensagem para os painéis orientado os motoristas sobre caminhos alternativos. O projeto está no departamento de compras do governo para ser licitado.
E a fiscalização ficará mais rígida com a Companhia Metropolitana de Trânsito. Pelo menos 800 novos fiscais irão às ruas para orientar, educar e multar os infratores. O primeiro passo para que a proposta saia do papel é a aprovação pela Câmara Legislativa. Atualmente o Detran tem 300 agentes, dos quais 200 trabalham em ações administrativas (vistoria e depósito, por exemplo) e 100 fiscalizam o trânsito de todo o DF.