postado em 01/05/2008 09:26
Quatro dos municÃpios goianos mais visitados pelos brasilienses vivem uma epidemia de dengue. Goiânia, Anápolis, Caldas Novas e Rio Quente estão entre as 10 cidades do estado vizinho com maior números de casos confirmados. Somente na capital, mais de 9 mil pessoas foram infectadas nos quatro primeiros meses deste ano. Nesse perÃodo, quase 21 mil moradores pegaram a doença em Goiás.
Diferentemente do Distrito Federal, nossos vizinhos estão perdendo a batalha contra o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue. Enquanto o DF conseguiu reduzir em 51,8% os casos de dengue confirmados nos primeiros quatro meses de 2008 em relação ao mesmo perÃodo do ano passado, Goiás registrou aumento de 107,1% em uma comparação entre o primeiro quadrimestre de 2008 e todo 2007.
Os números devem crescer ainda mais. Os dados da epidemia em Goiás se referem à s infecções confirmadas até o último dia 26. ;Esperávamos que as infecções começassem a diminuir em maio. Mas, com o prolongamento do perÃodo chuvoso, isso só deve ocorrer em junho;, alerta a gerente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Goiás, Magna Maria de Carvalho.
A gerente alega que Goiás tem clima e geografia favoráveis à proliferação do Aedes aegypti. ;A maioria das nossas cidades têm caracterÃsticas propÃcias: matas fechadas em áreas urbanas, clima quente e estação úmida bem definida. Com a quantidade de chuvas deste ano, as larvas do mosquito se multiplicam mais do que o esperado.;
A doença fez sete mortes em Goiás até sábado passado. Ao longo do ano passado, foram 13. No DF, a dengue ainda não provocou morte em 2008. Ano passado, houve quatro vÃtimas. O subsecretário de Vigilância à Saúde, da Secretaria de Saúde do DF, Joaquim Barros, ressalta que dos 188 casos confirmados este ano, 121 (64,4%) são de pessoas contaminadas fora de BrasÃlia. ;Só o restante (67) pegou a doença aqui;, explicou.
Desconto em IPTU
Para as autoridades sanitárias goianas, a população tem grande parcela de culpa na proliferação da dengue no estado. ;Mais de 80% dos focos estão dentro ou ao redor das casas;, garante Magna de Carvalho. O Ministério Público de Goiás propôs ontem um desconto no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para quem ajudar no combate à dengue. A intenção é premiar quem atingir os Ãndices toleráveis de infestação do mosquito, a partir de 2009. Essa taxa, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é de apenas 1% das residências com focos.
Para tornar possÃvel a adesão dos municÃpios, é necessário o levantamento de casos de dengue por cidade e os prejuÃzos causados pelo crescimento dos Ãndices da doença, segundo o promotor Marcelo Celestino. O projeto tem como alvo inicial os municÃpios de Goiânia e Aparecida e vai servir de modelo para outras cidades. Os dois municÃpios vizinhos já têm 13 mil casos de dengue em 2008. Na capital goiana, a Secretaria Municipal de Saúde notificou 1,4 mil novos casos em uma semana, no balanço fechado no último dia 26. Aumento de 84,7%, se comparado com o mesmo perÃodo de 2007.
Muito procuradas pelos turistas por suas águas termais, as também vizinhas Rio Quente e Caldas Novas são outras localidades que requerem atenção especial. Elas estão entre as cidades goianas com mais infectados pela dengue. Com 684 casos confirmados até o sábado passado, Caldas ocupa o quarto lugar no ranking de números absolutos e décimo, em proporção ao número de moradores. Já Rio Quente, onde fica o maior complexo hoteleiro da região Centro-Oeste, é o quinto na relação de casos e moradores. O municÃpio de 3,1 mil habitantes registrou 37 doentes de dengue até o último dia 26.
Medidas urgentes
O promotor de Justiça Isaac Ferreira, da comarca de Goiânia, cobra imediatismo nas ações contra a dengue. Ele expediu, ontem, recomendação ao secretário de Saúde de Goiânia, Paulo Rassi, a fim de que sejam tomadas medidas urgentes para conter a expansão da doença em Goiânia. Ferreira sugere a contratação, em caráter temporário, de agentes comunitários de saúde e de agentes de combate às endemias.
Isaac Ferreira também recomendou a veiculação de campanha educativa e a busca de integração com os demais órgãos da prefeitura para limpar os lugares públicos. O promotor deu 10 dias para Secretaria de Saúde encaminhar um relatório ao Ministério Público, já com as providências adotadas e realizadas.
Ouça entrevista com o subsecretário de Vigilância à Saúde do DF, Joaquim Barros, que recomenda cuidados nas visitas às cidades vizinhas, na seção .